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Olhar Olímpico

Prefeitura de SP decide que alojamentos sem alvará devem fechar

Demétrio Vecchioli

12/02/2019 20h19

Centro de Treinamento do São Paulo, na Barra Funda (Rubens Chiri/São Paulo)

A prefeitura de São Paulo anunciou no começo da noite desta terça-feira (12) a "suspensão imediata do funcionamento de todos os alojamentos de clubes de futebol de São Paulo que não tenham licença de funcionamento ou que não estejam em conformidade com as normas vigentes de segurança". Na prática, porém, a medida ainda não causa o fechamento de nenhum CT. A "suspensão imediata" anunciada nesta terça será discutida só na quarta (13).

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Em nota, a prefeitura informou que a Secretaria Municipal de Esporte (SEME) fez contato com as diretorias de São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Portuguesa, Nacional e Juventus, como havia adiantado o Olhar Olímpico à tarde.  Os três grandes e a Portuguesa já haviam sido oficiados pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) para que informassem a situação de seus centros de treinamento e alojamentos.

Na quarta, às 11h, os clubes devem ir à sede da SEME, no Ibirapuera, para uma reunião que será definido um cronograma de providências a serem tomadas para regularizar a situação dos alojamentos e dormitórios desses clubes e promover segurança aos atletas, pelo que informou a secretaria de comunicação da prefeitura, em nota.

Em um primeiro momento, a prefeitura espera que os clubes apresentem as documentações para, no caso da falta de alguma autorização obrigatória, fecharem seus alojamentos. Enquanto isso, a Secretaria de Subprefeituras enviará equipe de engenheiros especializados em segurança para realizar vistoria dos Centros de Treinamento ainda esta semana.

O movimento vem quatro dias depois de um incêndio atingir o centro de treinamento do Flamengo, no Rio, e matar 10 jovens jogadores rubro-negros. Antes, na segunda-feira (12), o MP-SP abriu inquérito civil para investigar a situação desses locais.

No Rio, vem gerando debate o fato de o centro de treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu, considerado o mais moderno da cidade, não ter a documentação necessária para funcionar. Só depois da tragédia é que tornou-se pública a informação de que a prefeitura já havia autuado o clube diversas vezes. Mesmo assim, o CT não foi fechado, jovens continuaram morando ali, e agora clube e prefeitura do Rio estão sendo cobrados pela opinião pública.

A tragédia serviu de lição em São Paulo. Na segunda, o MP expediu ofício aos três grandes e à Portuguesa solicitando esclarecimentos e a apresentação da respectiva documentação. De acordo com a assessoria de imprensa do MP, também a prefeitura foi questionada, para que esclareça se há no município alojamentos do tipo mantidos por clubes, agremiações, federações ou confederações, bem como se contam com as devidas autorizações para funcionamento.

Ainda de acordo com o MP, o inquérito, aberto pelo promotor Roberto Pimentel, da Promotoria de Justiça da Habitação e Urbanismo, irá investigar se os alojamentos contam com auto de vistoria do Corpo de Bombeiros e autorização do poder público municipal. O intuito é "prevenir futuros acontecimentos semelhantes" à tragédia do Rio. 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

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