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Olhar Olímpico

Pela 1ª vez, COB terá missão chefiada apenas por mulheres

Demétrio Vecchioli

07/02/2019 03h59

O Comitê Olímpico do Brasil (COB) vai aproveitar o mês das mulheres, em março, para uma iniciativa inédita. Pela primeira vez, uma missão brasileira será composta apenas por mulheres no seu núcleo de comando. Será nos Jogos Sul-Americanos de Praia, a serem disputados em Rosario, na Argentina.

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O evento, que chega à sua quarta edição, reúne modalidades de praia, olímpicas ou não. O Brasil terá uma delegação de 62 atletas. A chefe de missão será Mariana Vieira de Mello, gerente de Planejamento e Desempenho Esportivo do COB. A delegação ainda terá mulheres comandando as áreas de operação, administrativo, médica, fisioterapêutica e até de comunicação – uma delas, Mônica Faria, filha do senador e ex-jogador Romário.

"O COB conta em seu quadro de funcionários com 122 mulheres e 112 homens. Além disso, em dezembro, lançou a Política de Prevenção ao Assédio Moral e Sexual, desenvolvido em parceria com a ONU Mulheres. A missão em Rosario, que será no mês dedicado à luta das mulheres por igualdade de direitos, é mais um passo na valorização do importante trabalho que elas têm realizado para o esporte olímpico brasileiro", comenta Paulo Wanderley Teixeira, presidente do COB.

Missão é como é chamada o grupo que representa um país em um evento internacional, como na diplomacia. Historicamente a chefia é ocupada por homens. Nos Jogos Pan-Americanos de Lima, este ano, por exemplo, o chefe de missão será Marco La Porta, vice-presidente do COB.

Em Rosario, o Brasil disputará nove modalidades: maratona aquática, triatlo, vela, vôlei de praia (modalidades olímpicas), esqui aquático, futebol de praia, handebol de praia e surfe (stand-up paddle). "Alguns dos objetivos da missão são proporcionar a atletas jovens de modalidades olímpica a experiência de integrar o Time Brasil e disputar um evento multiesportivo, alguns deles pela primeira vez; dar a oportunidade para os esportistas competirem e observarem possíveis adversários nos Jogos Pan-Americanos Lima 2019 e Jogos Mundiais de Praia San Diego 2019; e apoiar modalidades com tradição e visibilidade em esportes de praia no país", explica Mariana Vieira de Mello.

O Brasil participou com 91 atletas na primeira edição dos Jogos Sul-Americanos de Praia, em 2009, quando a ODESUR (equivalente do COI para a América do Sul) era presidida por Carlos Arthur Nuzman. Em 2011, no Equador, o Brasil de novo teve equipe grande, com 86 atletas, e liderou o quadro de medalhas. Depois, em 2014, na Venezuela, o time brasileiro já foi reduzido para 39 competidores, somente, ficando em terceiro no quadro de medalhas.

Junto com os Jogos Sul-Americanos, a ODESUR elege um novo presidente. O paraguaio Camilo Pérez López Moreira deve ser reeleito por aclamação, com apoio do Brasil. Ele assumiu o cargo em agosto de 2017, quando Nuzman renunciou para concorrer à presidência da ODEPA, a organização pan-americana. Num vexame histórico, perdeu na primeira rodada de votação.

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.