Polo aquático brasileiro recomeça sem gringos e é campeão pan-americano
A seleção brasileira masculina de polo aquático conquistou, neste sábado, em São Paulo, o título mais importante ao menos das últimas cinco décadas. Quase três anos depois de uma participação olímpica reforçada por diversos jogadores estrangeiros, o Brasil mostrou força na modalidade ao vencer a Copa Uana, seletiva para o Mundial de Esportes Aquáticos e que tem força de campeonato pan-americano.
O título veio com uma surpreendente vitória nos pênaltis na final sobre os Estados Unidos, depois de empate em 9 a 9 no tempo regulamentar. Mais cedo, a vaga no Mundial havia sido garantida com vitória por 15 a 5 sobre o Canadá, na semifinal, em jogo adiado – parte da rodada de sexta-feira foi cancelada por conta das fortes chuvas sobre a piscina do Sesi Vila Leopoldina, na zona Oeste de São Paulo. Na primeira fase, o Brasil perdera para os dois rivais: por 15 a 12 para o Canadá e 15 a 4 para os EUA
Este não é o primeiro título internacional do polo aquático brasileiro, mas é o mais importante desde 1963, quando venceu os Jogos Pan-Americanos em casa. Em 2017, o Brasil também foi campeão da Copa Uana, mas a edição não contou com a presença dos Estados Unidos – prata na Liga Mundial de 2016, os americanos tiveram vaga direta no Mundial de 2017. No Pan, nas últimas oito edições, ganhou quatro pratas e três bronzes – sempre perdendo para EUA e/ou Canadá.
Considerando o polo aquático brasileiro como um todo, o feito mais relevante foi o bronze na Liga Mundial de 2015. Naquele momento, porém, o Brasil tinha praticamente um time titular inteiro de jogadores nascidos em outros países e que, por relações sanguíneas ou por puro interesse econômico, reforçaram o time da casa na Rio-2016.
A conquista deste sábado não chega a ser 100% nacional, mas quase isso. A única e importante exceção é o goleiro Slobodan Soro, duas vezes medalhista de bronze com a Sérvia, e que iniciou o processo de naturalização em 2013. Diferente de colegas de dupla cidadania, o veterano, de 40 anos, continuou defendendo o Brasil mesmo depois que a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) deixou de pagar salários.
Coube a Soro, que defendeu dois pênaltis na decisão, liderar um time que mescla jovens jogadores que chegam agora à categoria adulta e outros que já têm uma carreira sólida na Europa, como Grummy, eleito o melhor jogador do torneio – o próprio Soro foi escolhido melhor goleiro.
Também faz parte dessa evolução a contratação de Ricardo Azevedo para o posto de coordenador de polo aquático da CBDA. Rochinha, como é conhecido, foi técnico da seleção norte-americana e é pai de Tony Azevedo, maior jogador da história dos EUA e que não aceitou jogar pelo Brasil em 2016.
Depois de ser 12º colocado no Mundial de 2017, quando viajou à Hungria praticamente sem treinar, o Brasil agora mira o Mundial de Gwangju, na Coreia do Sul, em julho. Pela primeira vez desde 2009, a competição não terá a participação da seleção feminina. O time, que perdeu Izabella Chiapini, naturalizada italiana, perdeu para Cuba e Canadá, outros times que se inscreveram na Copa Uana, e não conseguiu nenhuma das duas vagas que estavam em jogo em São Paulo.
Ainda que o momento da equipe feminina seja de renovação depois da primeira participação nos Jogos Olímpicos (o Brasil recebeu convite para a Rio-2016), o resultado preocupa. Historicamente o Brasil é a terceira força das Américas, tendo vencido Cuba na disputa do bronze tanto no Pan de Toronto, em 2015, quanto de Guadalajara, em 2011.
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