A duas semanas da posse, futuro do Esporte é incógnita até no ministério
Faltando duas semanas para posse, Jair Bolsonaro (PSL) já anunciou todo o time de ministros e a escalação quase completa do segundo escalão. Até agora, porém, nenhuma palavra foi dada sobre o futuro do Ministério do Esporte. Sabe-se, por eliminação, que o setor não terá um ministério e que suas atribuições estarão a cargo do novo Ministério da Cidadania.
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Mas qual a exata posição do esporte na hierarquia da nova pasta? A qual tamanho o que hoje é o Ministério do Esporte será reduzido? Quem vai comandar o que sobrar do atual ME? De onde virão da fato as diretrizes que determinarão os rumos do esporte? Ninguém sabe.
Stakeholders importantes que almejaram influenciar pela escolha de um nome "do esporte" já desistiram de tentar entender os planos do futuro governo. Para uma importante figura do meio esportivo, o momento é de "absoluto marasmo". Se existe um projeto, ninguém fora da equipe de transição tem certeza de qual seria.
A interlocutora entre a equipe de transição e o Ministério do Esporte é Tatiana Alvarenga, uma economista que atualmente é a secretária executiva do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), tendo antes trabalhado por 12 anos no Ministério da Saúde. Duas fontes do Olhar Olímpico a elogiaram como uma pessoa "de bem", ressaltando, ambas que, "ela não entende nada de esporte". Aliás, não se tem notícias de ninguém "do esporte" auxiliando na transição.
Quem também tem pouca ou nenhuma familiaridade com o esporte é o futuro ministro Osmar Terra (MDB-RS), reeleito deputado federal. Desde que foi nomeado, há três semanas, ele só se pronunciou sobre o esporte para negar, pelo Twitter, informação publicada por este Olhar Olímpico, que o general Marco Aurélio Costa Vieira havia sido escolhido por Bolsonaro para ser secretário de Esporte.
A opção pelo general foi informada a diversos líderes do esporte no fim do mês passado e ele chegou a frequentar o Ministério do Esporte para tratar da transição. Mas Terra teria ficado incomodado por não ter sido consultado. No Twitter, informou que "que não há nome indicado, ainda" e que a decisão seria tomada "nos próximos dias" em "comum acordo" entre ele e Bolsonaro. Desde então, passaram-se 19 dias, sem nenhuma decisão.
O general Marco Aurélio teria sido uma indicação de outros três generais: Villas Boas (comandante do Exército), Augusto Heleno (futuro secretário de Segurança Institucional) e Fernando Azevedo (futuro ministro da Defesa). Mesmo que um civil assuma o que restar do ME, a tendência é que sejam os militares a apontarem as diretrizes.
Na semana passada, Osmar Terra se reuniu com um colega de MDB gaúcho, o ex-técnico de handebol Luiz Celso Giacomini, que vem ocupando cargos de primeiro escalão no ministério durante o governo Temer (MDB), apadrinhado pelo deputado federal (também não reeleito) Darcício Perondi, mais um do MDB gaúcho. Atual secretário de alto-rendimento, Giacomini também já comandou a ABCD, que cuida do antidoping.
Ao Olhar Olímpico, Giacomini negou "absolutamente" que tenha sido convidado a chefiar o que restar do ME. Mas não respondeu se aceitaria um eventual convite. Nos últimos dias, cresceu a sensação, entre pessoas com envolvimento no assunto, de que o secretário está em franca campanha pela terceira promoção em dois anos e meio no governo. Por conhecer bem o funcionamento do ministério, ele poderia atuar como executor das orientações dos militares.
Outro candidato civil é o deputado federal (mais um não reeleito) Lelo Coimbra, do MDB do Espírito Santo. Ex-vice-governador e ex-líder do governo Temer na Câmara, ele inclusive já se reuniu com o atual ministro do Esporte, Leandro Cruz.
Clima de apreensão
Entre funcionários do Ministério do Esporte, o clima é de apreensão crescente. A pasta tem um número pequeno de servidores de carreira, com uma ampla maioria de comissionados e de funcionários emprestados por outros órgãos públicos. Muitos deles, ocupando funções técnicas, estão no ministério há anos, tendo chegado durante a gestão do PCdoB e permanecido com PRB e, mais recentemente, MDB.
Já se fez chegar a esses funcionários que o ministro Osmar Terra pretende abrir mão deles. Com isso, o temor é de que o conhecimento adquirido nos últimos 16 anos seja disperso, uma vez que a maior parte da nova equipe seria composta por gente sem experiência nas especificidades do ME, mesmo em cargos técnicos.
Soma-se isso à informação, que corre no ministério e que foi apurada pelo blog junto a uma fonte de segundo grau, de que a equipe de transição pretende que a equipe do que deve vir a ser uma secretaria de Esporte tenha o mesmo porte do que hoje é o gabinete do ministro. Ou seja: algumas poucas dezenas de funcionários.
O mais provável, pelo que a equipe de transição tem indicado a interlocutores, é que o esporte tenha uma secretaria especial dentro do Ministério da Cidadania. Esta secretaria manteria a atual subdivisão de secretarias, que seriam reduzidas a diretorias: Esporte e Lazer, Alto-Rendimento, ABCD e Futebol.
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