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Olhar Olímpico

Com jogos no Pacaembu, Desafio ao Galo deve voltar após 22 anos

Demétrio Vecchioli

22/11/2018 04h00

Há 22 anos o futebol paulista não tem um Galo. Mas essa lacuna tem tudo para acabar no próximo dia 3 de fevereiro. Ao menos é essa a promessa de Elias Skaf, organizador que tem tudo acertado para voltar promover o Desafio ao Galo, evento que ganhou fama na televisão brasileira entre as décadas de 1960 e 1990. Há, inclusive, negociação avançada para que o jogo mais importante do futebol de várzea nacional seja transmitido todo domingo, em rede nacional, pela TV Gazeta.

O Desafio do Galo foi criado em 1966 por Nílton Travesso e Antônio Augusto Amaral de Carvalho (o Tuta, dono da Jovem Pan). Foram 20 anos com jogos nos sábados e domingos de manhã na Record e mais quatro na Gazeta. Pelo torneio passaram narradores como Silvio Luiz e Fausto Silva, jogadores como Cafu (reza a lenda que foi depois de vê-lo jogando o Desafio ao Galo que Telê Santana abriu as portas do então atacante ao São Paulo) e repórteres como Tiago Leifert.

Hoje estrela da TV Globo, Leifert trabalhou no Desafio no seu último ano de existência, em 1996. Naquela temporada, a Kaiser, então patrocinadora máster, resolveu rever sua colocação no mercado e retirou o apoio ao futebol de várzea. Sem dinheiro, o Desafio ao Galo não só saiu do ar como também deixou de ser realizado.

Agora, a promessa é retornar com o mesmo modelo consagrado ao longo do tempo: jogo realizado às 10h entre o vencedor da partida da semana anterior (o Galo) e um desafiante escolhido por sorteio. No fim do ano, o Super Galo reúne as oito melhores equipes da temporada.

Os times que se enfrentarão no primeiro jogo da nova fase do Desafio já estão escolhidos: O Galo será a UNIP Vila Mariana, que na semana passada venceu os Jogos da Cidade, campeonato municipal de várzea organizado pela prefeitura de São Paulo. E seu rival será o Paredão da Esquina, da Lapa, derrotado na decisão no Pacaembu.

O estádio municipal, aliás, deverá receber o jogo de abertura do Desafio, de acordo com o secretário municipal João Farias, que tem histórica ligação com o futebol de várzea – ele é irmão de Paulo Farias, presidente do Água Santa, clube de Diadema que fez sucesso na várzea antes de se profissionalizar a chegar à primeira divisão do futebol profissional.

Pelo projeto de Skaf, que ainda conversa com patrocinadores, o Pacaembu seria o estádio preferencial para os jogos do Desafio ao Galo, mas o secretário municipal acha que o estádio é muito grande para um público que tende a ser pequeno. Por isso, outras possibilidades estão sendo consideradas, incluindo a Rua Javari, casa do Juventus.

Os jogos seriam realizados às 10h, como é tradição, mas seriam transmitidos não ao vivo, mas em videotape, às 14h, pela Gazeta. "Fazer o jogo às 14h seria ruim porque no verão o sol calcificante talvez não ajude. A Gazeta vai nos locar o horário, mas vai ser uma parceira. Ela está acreditando no nosso projeto", diz Skaf.

Também já está decidido, segundo ele, que os jogos terão narração de Joseval Peixoto, que chegou a ser narrador do Desafio no passado e que recentemente deixou de ser o âncora do Jornal da Manhã, da Rádio Jovem Pan. Os comentários deverão ser feitos por um profissional ligado à Gazeta (a emissora tem Flávio Prado em seu elenco), enquanto que a repórter de campo será a veterana Cléo Brandão, ex-apresentadora do Show do Esporte, da Band.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.