Em má fase, Thiago Braz faz as pazes com ex-técnico e volta ao país
Mais de três anos depois de causar o rompimento de uma parceria histórica entre Elson Miranda e Vitaly Petrov, os dois técnicos que tornaram o Brasil potência no salto com vara, Thiago Braz agora é também o pivô de uma reaproximação. Visando deixar para trás a má fase e ficar mais perto da família, Thiago voltou a treinar no Brasil, sob o comando de Elson, e consultoria de Vitaly, em um acordo costurado a 14 mãos.
O Comitê Olímpico do Brasil (COB), preocupado com a visível queda de rendimento de Thiago após a medalha de ouro olímpica na Rio-2016, foi quem deu início às negociações, já sabendo do interesse do saltador de voltar ao Brasil. Procurou tanto Vitaly quanto Elson para saber das possibilidades de os dois deixarem de lado as mágoas guardadas há três anos.
Vitaly foi por dez anos o mentor de Elson, técnico e marido de Fabiana Murer. O ucraniano, treinador de grandes nomes como Sergey Bubka e Yelena Isinbayeva, passou a dar consultoria para o atletismo brasileiro e a abrir seu centro de treinamento, na Itália, para ser a base europeia dos saltadores da equipe de Elson. Tudo ia bem até que, em 2015, Thiago Braz, então uma promessa, passou a seguir algumas orientações dadas a distância por Vitaly, e não as do seu treinador.
O rompimento foi traumático. Ao mesmo tempo, Elson perdeu seu pupilo e seu mentor. Thiago mudou-se para a Itália e passou a ser treinado pelo ucraniano, contratado pelo COB. Inicialmente o modelo deu certíssimo: o saltador foi campeão olímpico. Mas desde então as coisas desandaram.
No começo da temporada passada, Vitaly acertou com a CBAt que treinaria Thiago para ganhar força, carregar uma vara mais longa e mais pesada, e partir para tentar quebrar o recorde mundial em 2020, ano olímpico. E que, por isso, todos arcariam com as consequências: no meio do caminho, os resultados não seriam tão bons. Mas, passadas duas temporadas completas, os resultados na verdade são ruins.
Há algumas semanas, o COB começou a agir. Falou com Elson, Petrov, Pinheiros (clube de Thiago, também interessado em resultados imediatos), estafe de Thiago (a empresa NN, dos pais de Neymar), Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e até com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Na quarta-feira passada, enfim, colocou Elson e Thiago frente a frente. Estava costurado o acordo.
Ficou combinado que treinador e atleta deixariam as mágoas de lado e voltariam a trabalhar juntos. Para Elson, isso foi fundamental: com o fim do antigo clube da BM&F Bovespa, ele estava desempregado como treinador de salto com vara. Não precisará deixar a profissão.
Petrov aceitou continuar a servir ao COB como consultor, recebendo Thiago e Elson na Itália durante a temporada europeia. Os três, mais Carlos Alberto Cavalheiro, que faz a ponte entre COB e CBAt, vão sentar para traçar um plano de treinamento para a temporada toda. Elson será o treinador do dia a dia, contratado para executar um projeto coletivo.
Thiago, que queria voltar ao Brasil para fugir do isolamento na Itália e do frio inverno europeu, e também para ficar mais perto da avó, que o criou, topou o acordo. Desde quinta-feira da semana passada ele está treinando no Centro Paraolímpico, que fica em São Paulo, na beira da Rodovia dos Imigrantes.
O próximo passo, agora, é buscar uma melhor estrutura de treinamento específico de salto com vara. Afinal, o local ideal para isso era o CT de São Caetano do Sul, da antiga BM&F, que foi desmontado pela prefeitura. Parte desses equipamentos foi para o NAR (Núcleo de Alto-Rendimento) que fica em Santo Amaro, também em São Paulo. A tendência é que alguns treinos de Thiago durante a semana ocorram lá.
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