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Olhar Olímpico

Érika Miranda surpreende e, no auge, anuncia fim da carreira como judoca

Demétrio Vecchioli

30/10/2018 15h55

Depois de conqusitar medalhas em cinco Mundiais de Judô seguidos, Érika Miranda surpreendeu e anunciou nesta terça-feira (30) que está se aposentando do judô. Aos 31 anos, a judoca teve férias depois do Mundial passado, em Baku, quando conquistou a medalha de bronze. Ao voltar ao clube, avisou que está encerrando a carreira.

O técnico dela, Kiko, recebeu no sábado a informação oficial. "Não adiantou toda a nossa conversa. A gente tentou de tudo, perguntou se era questão financeira, mas não era. Ela simplesmente cansou, quis parar de uma forma diferente de todo mundo", contou ao Olhar Olímpico.

Segundo ele, Érika já tinha deixado clara sua intenção de parar depois da Olimpíada do Rio, quando perdeu a disputa pelo bronze e não conseguiu medalha. A judoca, porém, decidiu continuar nos tatames depois de receber o convite de trocar o Minas Tênis Clube pela Sogipa, de Porto Alegre. Ficou duas temporadas na Sogipa.

Nos últimos anos, porém, Érika vinha tendo dificuldades de se manter no peso exigido para a categoria: 52kg. Cada véspera de competição ela sofria para perder peso. Além disso, seus exames vinham apontados algumas anomalias relacionada principalmente a açúcares, o que a preocupava.

"Hoje, com orgulho e emoção, venho despedir-me da minha carreira no judô, esporte pelo qual vivi todos os dias com empenho, disciplina, profissionalismo e renúncias. Mas, sobretudo, com amor e paixão", disse Érika, via assessoria de imprensa. "Há momentos na vida que somos compelidos a tomar decisões importantes e esta, sem dúvida, é a mais difícil para mim."
Diferente de outros judocas de renome, como Leandro Guilheiro e Tiago Camilo, que prolongaram a carreira para já além do auge, Érika resolveu encerrar a carreira num momento em que está no quarto lugar do ranking mundial da categoria até 52kg. A boa notícia é que o bronze no Mundial de Baku veio com vitória sobre outra brasileira, a jovem Jéssica Pereira. Ou seja: o futuro está garantido.
"A Érika é uma das pioneiras na virada que transformou o judô feminino do Brasil nessa força que ele é hoje. Ela é a comandante dessa geração. Acredito que ainda tinha lenha para queimar, mas eu respeito e compreendo essa decisão de muita coragem, virtude que ela sempre demonstrou nos tatames defendendo o Brasil", comentou Ney Wilson Pereira, gestor de Alto Rendimento da CBJ.
Érika é um dos símbolos da melhor geração do judô feminino. Com cinco medalhas em Mundiais, está empatada com Mayra Aguiar como recordista. Na carreira, disputou duas Olimpíadas, chegando a ambas como favorita e saindo sem medalhas. Soberana na categoria, conquistou 12 medalhas pan-americanas, contando os campeonatos continentais e o Pan. Venceu em Toronto-2015 e foi prata no Rio-2007 e em Guadalajara-2011.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.