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Olhar Olímpico

Pai tem ataque cardíaco e morre após conquista inédita da filha em Mundial

Demétrio Vecchioli

22/10/2018 12h39

Cátia Oliveira dedica medalha ao pai (Roberto Castro/rededoesporte.gov.br)

Cátia Oliveira conquistou, no sábado, uma medalha histórica para o esporte brasileiro: a primeira de prata em um Mundial de Tênis de Mesa Paraolímpico. Mas a felicidade durou poucos minutos. O pai dela, Flávio Alves, conhecido popularmente como Preto, que havia sofrido um ataque cardíaco após a semifinal, faleceu depois da final, na qual Cátia foi derrotada pela sul-coreana  Su Yeon Seo, ficando com a medalha de prata.

De acordo com a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, Cátia, de 27 anos, ficou sabendo da notícia da morte no início da tarde de sábado, pouco antes da cerimônia na qual receberia a medalha de prata. Mesmo assim, a jogadora fez questão de ir ao pódio para homenagear o pai. Segundo a CBTM, era Preto quem fazia questão de colocar as medalhas no peito da filha, quando tinha oportunidade.

Em nota, o Ministério do Esporte lamentou a morte. "Foi com profunda tristeza que recebi a notícia do falecimento do senhor Flávio Alves, pai da atleta Catia Oliveira. Infelizmente, seu pai passou mal na sexta-feira à noite em Cerqueira Cesar, interior de São Paulo, e, neste sábado, veio a óbito. A Cátia e aos demais familiares e amigos do senhor Flávio e aos amantes do esporte paralímpico, meus profundos sentimentos", comentou o ministro Leandro Cruz.

Também o presidente da CBTM, Alaor Azevedo, expressou condolências. "A família é a coisa que mais prezamos no tênis de mesa. Tomara que Cátia, que é uma atleta que já superou um grave acidente quando era adolescente, tenha forças para superar essa perda. No que depender da CBTM, daremos todo o apoio", prometeu.

Esta não foi a primeira vez que Cátia alcançou um sonho no mesmo dia de uma tragédia. Em 2007, ela foi convocada para a seleção brasileira sub-17 de futebol feminino que disputaria o Mundial da categoria. Mas recebeu a notícia no hospital. Horas antes, estava dormindo deitada no banco de trás de um carro, sem cinto de segurança, quando o veículo se chocou sem força com o carro da frente. Ela sofreu uma lesão medular cervical que lhe tirou os movimentos das pernas.

O tênis de mesa só veio em 2013 e Cátianão demorou a ter sucesso. Dois anos depois ganhou o Para-Pan e, em 2016, disputou sua primeira Paraolimpíada. Agora, levou o Brasil pela primeira vez ao pódio de uma categoria individual no tênis de mesa, uma das modalidades mais importantes do esporte parolímpico, na classe S-12.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.