"Nova gestão da CBDA esconde informações a sete chaves", critica ex-diretor
Miguel Cagnoni chegou à presidência da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) em junho do ano passado com um discurso de combate às velhas práticas de Coaracy Nunes. Dezesseis meses depois, porém, a entidade continua sem entregar a prometida transparência. Quem faz a acusação é Renato Cordani, principal apoiador financeiro da campanha de Miguel e, até o mês passado, diretor-geral de esportes.
"Descobri coisas que me soaram mal, e quis discutir internamente. Não tive respaldo para sequer fazer a discussão e, pior, as informações foram trancadas a sete chaves. Nesse momento, só me restou renunciar", explicou o agora ex-diretor, em entrevista ao Olhar Olímpico.
O blog apurou que, em uma reunião no mês passado, Cordani questionou o presidente da CBDA sobre um pagamento supostamente feito a uma pessoa com quem o cartola tem relação pessoal. Miguel negou que tal pagamento tenha sido feito com dinheiro da confederação, mas não topou apresentar as movimentações financeiras de uma das contas da CBDA – aquela que não envolve recursos públicos e que, portanto, não é regida por legislação federal.
Cordani não ficou satisfeito. "Lutei para publicação irrestrita de salários, balancetes e contratos. Não tive sucesso em nenhuma dessas lutas. Mas o pior foi descobrir que nem mesmo eu, diretor geral de esportes, podia ter essas informações", reclamou.
Naquela mesma reunião, apresentou sua carta de renúncia e deflagrou um início de mais uma crise institucional. Afinal, Cagnoni perdeu aquele que era considerado seu braço direito, e que trabalhava na CBDA como voluntário. "No momento em que eu estou emprestando a minha credibilidade para essa gestão, e as informações me são negadas, eu me perguntei se valia a pena continuar. E avaliei que não valia."
Cordani, geofísico e ex-nadador, vinha fazendo um trabalho elogiado na natação. Foi ele o responsável por alterar os critérios de classificação para as grandes competições (agora semelhantes aos do resto do mundo) e por implantar mudanças de regulamento nas categorias de base que visam ampliar o leque de possibilidade de medalhas no futuro. Mas vinha sofrendo com a falta de dinheiro.
Apesar das promessas da nova diretoria, a CBDA não ampliou seu leque de patrocinadores. O Finkel de Natação, por exemplo, disputado em agosto, foi quase todo bancado pelo Pinheiros. "Transparência e Governança não são apenas palavras da moda. São condições sine-qua-non para uma entidade receber patrocínios. É triste constatar que a atual gestão não tenha conseguido um só patrocínio importante novo, e viva exclusivamente de patrocínios do passado."
O Olhar Olímpico procurou a CBDA, que apenas replicou nota de setembro, quando informou a saída do dirigente, agradecendo por seus "excelente serviços". Ao blog entidade prometeu que "até o fim do ano" vai colocar no ar um novo site, no qual estarão disponíveis os dados cobrados por Cordani. A reportagem também tentou contato com Leonardo de Deus, presidente da comissão de atletas, que não respondeu as mensagens enviadas pelo celular.
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