Em crise, handebol tem Liga Nacional fantasma
A última rodada da fase de classificação da Liga Nacional de Handebol talvez aconteça nesta quinta-feira. Não dá para saber. É que a principal competição nacional de handebol, uma modalidade da qual o Brasil foi campeão mundial há apenas cinco anos, é um torneio fantasma. Público e imprensa não têm acesso a tabela, classificação, regulamento. Os jogos acontecem e quase ninguém fica sabendo.
A situação do handebol no Brasil piora ano a ano. Dez times jogaram o torneio nacional masculino em 2015, último ano antes da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) instituir um modelo com ligas regionalizadas, o que permitiu que times amadores de fora do eixo Sul-Sudeste fossem incluídos numa divisão única, encontrando a elite na fase de quartas de final. Ali, foram varridos pelas quatro equipes de São Paulo e do Paraná. Em 2017, o cenário se repetiu.
Para este ano, o número de clubes caiu. Em 2017, 27 times amadores participaram dos grupos de fora do eixo Sul-Sudeste. Desta vez, só 13. Já as equipes profissionais, ou semi, são apenas sete, sendo cinco de São Paulo, uma do Paraná e uma de Minas. São elas que têm condições financeiras e esportivas de jogar em alto-rendimento. Só que quase ninguém vê.
Envolvida em escândalos, a cúpula da CBHb evita colocar a modalidade nos holofotes, enquanto que movimentos de atletas e técnicos que exigem mudanças são abafados. A entidade encerrou o contrato com a assessoria de imprensa que informava à imprensa sobre o torneio, mas manteve um serviço que informa os diretores sobre tudo que a imprensa publica sobre a modalidade.
"Hoje está muito, muito, muito ruim", enfatiza Marcus Tatá, técnico do Taubaté, uma das poucas equipes brasileiras que tem estrutura profissional. Na sexta, viaja para disputar o Mundial de Clubes em Doha, no Catar. Será a quinta participação em seis anos, uma vez que ganhou cinco vezes o Campeonato Pan-Americano no período. Também venceu três de cinco edições da Liga Nacional. Com exceção do Pan desse ano, todas as finais desses torneios foram contra o Pinheiros.
Ele diz que essas conquistas dão exposição ao time, que sente menos que os outros o impacto da crise. "Para o Taubaté é um pouco diferente, mas o momento é ruim para todo mundo. Eu sou um otimista. O Ricardinho (Ricardo Souza, presidente em exercício da CBHb) assumiu há pouco tempo e temos que dar um voto de confiança. Vai sair uma Liga nova, mas temos que aguardar. Hoje de fato está ruim", diz.
Como não há nenhum site ou perfil em rede sociais que informa jogos, resultados, classificação, ou sequer que a Liga está sendo jogada atualmente, a imprensa muito pouco publica sobre o torneio. Assim, o serviço serve para detectar noticiário negativo, que é abundante.
Manoel Luiz Oliveira, presidente da CBHb há quase três décadas, está afastado oficialmente por motivos de saúde, depois de ter seu afastamento determinado pela Justiça. A Polícia Federal recentemente fez buscas na confederação e em endereços ligados ao Manoel, o Banco do Brasil cortou o patrocínio à modalidade e os Correios devem seguir pelo mesmo caminho, depois de reduzirem o aporte. A Hummel, fornecedora de material esportivo, desistiu de assinar contrato.
Procurada, a confederação pediu pediu que o blog se comunicasse com e-mail com a ouvidoria da CBHb. Em nota, o setor disse que "a competição está na fase de encerramento das suas conferências regionais na categoria masculina e feminina" e disse que dará "publicidade e informação da competição" quando acabarem as conferências. Existe a expectativa de que o SporTV transmita a final.
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