Eleito deputado com Bolsonaro, Luiz Lima defende mudanças na Bolsa Atleta
Eleito deputado federal pelo PSL do Rio, apoiado diretamente pela família Bolsonaro, o ex-nadador olímpico e ex-secretário nacional de esporte de alto rendimento Luiz Lima concedeu entrevista por telefone ao Olhar Olímpico nesta segunda-feira (8) e defendeu mudanças no Bolsa Atleta, principal programa esportivo do país.
"O Bolsa Atleta é um programa de sucesso. Mas ele tem que ser aperfeiçoado no sentido de ter uma aplicação e um controle de gastos mais eficaz. Temos que de fato ter a certeza de que esses recursos estão sendo aplicados no desenvolvimento do atleta. Tem que ter mais eficiência. Sua necessidade é garantir a preparação física do atleta", disse.
Hoje, o atleta recebe a bolsa graças a resultados esportivos conquistados no ano anterior (a bolsa de 2018, referente aos resultados de 2017, está com inscrições abertas e só deve começar a ser paga em 2019). Mas o dinheiro pode ser usado livremente pelo atleta. No passado, houve o entendimento de que o programa ficaria excessivamente mais caro se fossem criados mecanismos mais complexos de prestação de contas.
O Olhar Olímpico também perguntou sobre a Lei de Incentivo ao Esporte. Tramita na Câmara dos Deputados uma proposta que amplia as alíquotas de desconto do Imposto de Renda para quem doa, sem modificar a renúncia fiscal. Luiz Lima, ligado a organizadores de provas de maratonas aquáticas no Rio, defende a mudança na alíquota, mas com um critério específico.
"A gente tem que fazer Lei de Incentivo ao Projeto Esportivo, não Lei de Incentivo ao Evento Esportivo. É muito mais fácil captar para fazer um evento, não um projeto. Deveria ter uma diferença de compensação para quem patrocina um programa contínuo e um evento. A dedução tem que ser maior para quem patrocina um projeto e não um evento. Patrocinar o evento de final de semana também é legal, mas o projeto que vai durar um ano, dois anos, é mais importante", opina. Hoje, não há diferenciação nas alíquotas.
Futuro do Ministério do Esporte
Recluso há pouco mais de um mês, desde que sofreu um atentado durante a campanha eleitoral, Jair Bolsonaro ainda não deixou claro quais são seus planos para o esporte. Seu programa de governo não inclui o setor (apenas uma citação sobre academias ao ar livre como estratégia de saúde) e seus assessores não responderam a perguntas feitas sobre o tema por diversos órgãos de comunicação.
Nos bastidores, confederações e entidades ligadas ao esporte apostam que o Ministério do Esporte seria um dos limados numa reforma ministerial proposta pelo candidato, que disputa o segundo turno com Fernando Haddad (PT).
"O Bolsonaro sofreu um atentado, não está se comunicando. Até o dia 28 nós vamos nos reunir, os deputados eleitos, e vou ter a oportunidade de conversar com o Jair e entender melhor o que ele pensa. Não posso por uma opinião minha. Eu prefiro nesse momento esperar que o comunicado venha do próprio programa de governo", afirmou o agora deputado federal Luiz Lima.
Oitavo deputado federal mais votado do Rio – o terceiro entre os do PSL -, Luiz Lima diz que se elegeu graças à sua campanha de rua, tendo passado por 54 cidades do estado, sempre com uma imagem de Bolsonaro no peito da camisa. Mas sua bandeira sempre foi a do esporte. Entre 2016 e 2017, passou pelo Ministério do Esporte, como secretário nacional de esporte de alto-rendimento. Na ocasião, em longa conversa com o blog, defendeu maior autonomia do ministério. Agora, ao evitar expor sua opinião sobre a continuidade da pasta (ainda que tenha opinado sobre outros temas), evitou também uma possível contradição com os planos de Bolsonaro.
Como deputado, sua principal pauta, será fazer do esporte e da cultura "pilares" da educação e destinar recursos para desenvolvimento esportivo dentro do Ministério da Educação para as universidades federais. "Você não tem esporte na escola. Você tem que ter uma comunicação efetiva entre os ministérios do Esporte, da Cultura e da Educação. O MEC tem um orçamento muito maior. Se o MEC espirrar esporte, ele modifica o esporte no nosso país. O MEC é uma potência, que tem uma capilaridade muito maior que o do esporte", diz.
Ele também reclama da falta de uso da estrutura construída para os Jogos Olímpicos no Rio. "A gente tem que ter um plano de gestão para que isso não se perca e para que seja utilizado. A gente cometeu o mesmo erro no esporte que cometeu em outras ações: quer ter o que não tem e não cuida do que tem. Isso gera perda de recursos e a gente não tem eficiência".
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