Falha em cronômetro muda recorde mundial e levanta dúvidas na natação

Britânico Adam Peaty celebra vitória no Campeonato Europeu (OLI SCARFF/AFP)
Adam Peaty por muito pouco não conseguiu um feito histórico no sábado. Ao terminar a final dos 100m peito no Campeonato Europeu de Natação, em Glasgow (Escócia), olhou para o telão e viu o tempo: 57s00. Novo recorde mundial, a um centésimo de quebrar uma barreira que parecia intangível três anos atrás: completar a prova na distância dos 56 segundos.
Só que, na verdade, Peaty não completou a distância em 57s00. Só no dia seguinte, depois de uma postagem no blog do brasileiro Alex Pussieldi, é que a Liga Europeia de Natação (LEN) revelou ter descoberto uma falha no sistema de medição de tempo. O que significa que não só a marca do britânico, mas de todo mundo que nadou as finais de sábado, foram auferidas erradas. Foi feita então uma correção: mais 10 centésimos no tempo de todo mundo.
No caso de Peaty, um dos melhores nadadores que o esporte já viu, o resultado oficial da prova passou a ser 57s10, o que significa ainda assim um novo recorde mundial, três centésimos melhor do que o tempo que o britânico fez na Rio-2016, exatamente dois anos arás. Mas para o "tempo recorde' virar "recorde" é necessária a validação da Federação Internacional de Natação (Fina).
E é aí que entra o debate. Não existe qualquer regulamentação para casos assim. A LEN chegou a explicar a falha que levou a auferição de resultados falsos, a partir de um erro na medição do tempo de reação dos atletas, mas não convenceu sobre como chegou à medida corretiva de adicionar 10 centésimos ao tempo de cada atleta.
Há muita coisa em jogo. A começar por uma questão política entre a Fina do uruguaio Julio Maglione e a LEN do italiano Paolo Barelli, derrotado por lavada na eleição presidencial da Fina no ano passado.
Mas, principalmente, uma discussão sobre a credibilidade da natação e da sua capacidade de oferecer condições justas para os melhores do mundo baterem recordes mundiais. Em 2014, Peaty já havia sido envolvido em outra polêmica. Na ocasião, ele bateu o recorde mundial dos 50m peito no Mundial de Piscina Curta, mas a marca não foi reconhecida porque ele não foi submetido a exame antidoping.
A natação britânica recorreu à Corta Arbitral do Esporte, alegando que Peaty não tinha responsabilidade por uma falha dos organizadores, e conseguiu validar o recorde dois anos depois. Agora, a expectativa é que mais uma vez o recorde seja decidido nos tribunais, e não nas piscinas.
Não que haja qualquer possibilidade de alguém bater o recorde de Adam Peaty tão cedo. Até o surgimento do fenômeno britânico, o recorde mundial era 58s46, do sul-africano Cameron van der Burgh. Agora, a discussão está na casa de 57s1 ou 57s0. O segundo colocado no Europeu, também britânico, fez 58s64, mesmo resultado do vice-campeão mundial do ano passado. Ou seja: Peaty tem um segundo e meio de vantagem sobre qualquer outro nadador na atualidade.
Sobre o autor
Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.