Atletismo abandona índices e revoluciona ranking por melhores performances
Esqueça os índices. Boas atuações, em uma única prova, que serviam para qualificar atletas para Olimpíadas ou para Mundiais no Atletismo. A partir do ano que vem, o que importará para a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) será a regularidade e a capacidade de apresentar os melhores resultados, inclusive em termos de colocação, nos eventos mais importantes.
Desde seus primórdios até hoje, a IAAF adotou um ranking mundial que levava em consideração unicamente o resultado bruto. O corredor que completasse os 100m em 9s90 ficava à frente do que marcasse 9s91. Independente se o primeiro fez esse resultado em uma corrida regional e o segundo ganhou o Campeonato Mundial com tal marca.
A partir da próxima temporada, esse modelo muda para um sistema complexo. Cada marca, seja tempo de uma corrida ou distância de um salto, terá uma pontuação equivalente, definida por uma tabela produzida pela IAAF. No salto com vara, por exemplo, saltar 5,70m dá 1184 pontos, enquanto 5,60 dá 1157.
Uma segunda tabela determina quantos pontos vale cada colocação em cada tipo de evento. Por exemplo: o campeão olímpico soma 350 pontos, enquanto que o quarto colocado de uma etapa da Diamond League obtém 140 pontos. Essa pontuação é somada àquela relativa ao resultado bruto e vira a pontuação feita pelo atleta naquele dia.
O modelo vai mudar a óptica do esporte. Thiago Braz, por exemplo, somou mais pontos ao ficar em quinto lugar em uma etapa da Diamond League saltando 5,60m do que ganhando um evento regional com 5,90m na França. O que a IAAF quer é que o brasileiro, como qualquer atleta, faça um planejamento técnico para fazer seu melhor salto na competição mais importante.
Ranking
Para o ranking será a média dos cinco melhores resultados do atleta na temporada (ou menos, dependendo da prova), seja ela indoor ou outdoor – afinal, agora os pontos permitem a comparação de marcas dos 100m em ambiente indoor com dos 60m no outdoor, por exemplo.
E será esse ranking que vai definir os classificados para os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, como divulgou a IAAF esta semana, deixando para detalhar apenas no ano que vem quantos atletas serão classificados para cada prova.
A IAAF também deixou claro que até aceitará a classificação de alguns poucos atletas a partir de índices, mas ressaltando que a exceção é para "resultados excepcionais" que não poderiam ficar de fora dos Jogos Olímpicos. Esses índices também só serão divulgados mais adiante.
Brasileiros
De forma experimental, a IAAF já divulga o ranking mundial de 2018 nesse novo modelo. Thiago Braz, por exemplo, é o 15º do mundo no salto com vara. Entre os homens, Paulo André Camilo é o 22º nos 100m, Thiago André o 20º nos 800m e 40º nos 1.500m, Gabriel Constanino é 15º nos 110m com barreiras, Alexsandro do Nascimento é 23º no salto em distância, Almir Junior é sétimo no salto triplo e Darlan Romani é quinto no arremesso de peso.
Já no feminino, Rosângela Santos aparece em 13º nos 100m, duas posições à frente de Vitória Rosa. Núbia Soares aparece em 11º no salto triplo e Andressa de Morais em quinto no disco.
Pela primeira vez a IAAF também passa a adotar a possibilidade de ranking "overall", para comparar atletas de provas diferentes e apontar quem é o melhor do mundo. Hoje, no feminino, esse papel cabe a Mariya Lasitskene, do salto em altura. Entre as brasileiras, Erica Sena, da marcha atlética, é a 138º melhor colocada. Luvo Manyonga, da África do Sul, lidera o ranking masculino, que tem Darlan Romani na 61ª colocação.
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