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Olhar Olímpico

CEO da Copa no Brasil, Ricardo Trade assume o comando do Comitê Rio-2016

Demétrio Vecchioli

14/06/2018 17h25

(ANTONIO SCORZA/AFP)

Oito meses depois da prisão de Carlos Arthur Nuzman, o Comitê Organizador do Jogos Rio-2016 tem um novo comandante. Principal executivo da organização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, Ricardo Trade, o Baka, tornou-se diretor-executivo do Rio-2016 na última segunda-feira. Ele será o responsável pelas operações do comitê, ainda que Edson Menezes continue como presidente. A informação foi inicialmente publicada pelo GloboEsporte, e confirmada pelo Olhar Olímpico.
Baka, que já teve cargos de destaque nas confederações de vôlei, handebol e basquete, além de ter atuado no Ministério do Esporte, teve seu nome aprovado pelas confederações olímpicas que compõem o conselho do Comitê Rio-2016. Seu trabalho será, sobretudo, o de encontrar formas de o comitê pagar suas dívidas para finalmente encerrá-lo. Depois de construir a Copa, vai fechar a Olimpíada, à frente de uma equipe que hoje tem 14 funcionários – a tendência é esse número ser reduzido nos próximos meses.Ex-goleiro de handebol, Baka foi CEO da Copa do Mundo e, de lá, seguiu para a secretaria de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, onde ficou pouco tempo. Na Olimpíada, era o CEO da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Em 2017, teve seu nome ligado à organização da Copa América de 2019, cotado também para ser CEO. Acabou na Confederação Brasileira de Basquete (CBB), com o cargo de diretor de operações.
Apesar do trabalho na CBB, nunca teve salário. Como outros dirigentes, assumiu o desafio de trabalhar na confederação para que ela voltasse a ter receitas e, aí sim, fosse remunerado. Convidado para assumir o Rio-2016, onde será assalariado, pediu para continuar ajudando a CBB como voluntário. Além disso, ele é membro do conselho de administração da confederação de handebol.
Em sua primeira semana de trabalho, Baka ainda não quer falar sobre a caótica situação financeira do Comitê Rio-2016, que deve mais de R$ 150 milhões – é provável que a conta ultrapasse R$ 200 milhões. Ao que tudo indica, o caminho é sem volta e, quando fechar suas portas, o comitê deixe uma dívida que, por lei, é da prefeitura e do governo do estado do Rio, que por sua vez dizem não ter nada a ver com isso. O limite para isso acontecer é 2023.
Presidente do comitê de candidatura, Nuzman fez questão de presidir o comitê organizador da Olimpíada. Quando foi preso, em outubro do ano passado, renunciou ao cargo, assumido pelo antigo diretor financeiro Edson Menezes, então vice. Em tese, Paulo Wanderley, como presidente do COB, deveria assumir a função, mas ele deixou claro que não queria também esse abacaxi para descascar.
No começo do ano, Toninho Fernandes chegou a ser indicado para ser o próximo presidente, cargo que aceitou. Mas, depois de renunciar à presidência da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), incapaz de se defender de denúncias feitas pelo Olhar Olímpico, resolveu desistir da investida. Alegou problemas de saúde.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.