Se MP não cair, Corinthians vai tirar apoio ao esporte olímpico, diz Andrés

Equipe de natação do Corinthians
Quando candidato à presidência do Corinthians, Andrés Sanches se comprometeu a se afastar da Câmara dos Deputados. Não fez isso e, agora, resolveu usar seu mandato a favor dos interesses do clube e do esporte. Nesta quarta-feira, durante audiência pública convocada às pressas pela Comissão de Esporte, o presidente do Corinthians e deputado pelo PT paulista engrossou o tom contra o governo e avisou: se a Medida Provisória 841/2018 for aprovada pelo Congresso, diversos clubes, entre eles o dele, retirarão todo o investimento feito no esporte olímpico.
"O Corinthians está se mexendo junto com Flamengo, Fluminense e outros clubes. Vamos fazer um pressão muito grande para essa MP cair o mais rápido possível. Senão, o Corinthians vai acabar com o esporte olímpico. Não tem sentido poucos clubes de futebol fazendo parte olímpica. É uma maneira de acabar com isso, também. Se não pressionarmos, podem ter certeza que isso aí passa. Os clubes de futebol vão tentar ir até o presidente da República para falar que isso é um absurdo", prometeu André, prometendo agir para derrubar a MP. Hoje, o Corinthians está na final da Liga Ouro, segunda divisão do basquete, e no fim de semana foi campeão paulista de natação.
A audiência pública foi convocada às pressas, logo depois de o governo federal editar a MP 841, na segunda-feira. A partir dela, o esporte perdeu mais de meio bilhão de reais por ano, que eram fruto de parte da arrecadação das loterias federais. Foram revogadas as legislações que repassavam recursos à confederação de esporte escolar (CBDE) e universitário (CBDU), às secretarias estaduais (para organizarem competições escolares) e ao Comitê Brasileiro de Clubes (CBC).
Este último agrega clubes sociais que formam atletas de alto-rendimento, entre eles Corinthians, Flamengo e Fluminense. Com cerca de R$ 62 milhões ao ano, o CBC descentralizava recursos para esses clubes manterem suas equipes de base, adquirirem equipamentos, e organizarem competições. Ex-presidente do CBC, mas ainda seu líder, Arialdo Boscolo disse na audiência que o comitê cancelou a realização de 72 torneios nacionais de base.
"Isso é um absurdo!", afirmou, em tom exaltado. "Tem que ser com voz excessiva, porque nunca vi uma medida tão absurda. Ao ponto de o ministro do Esporte não ter sido ouvido. Esse é o legado dessas Olimpíadas? Esse é o legado do Pan, do Jogos Miliares? Faremos o que com o investimento que foi feito? Para tudo?", questionou.
Entre diversos líderes presentes à comissão, destaque também para o presidente do Comitê Paraolímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês), Andrew Pearsons, que é brasileiro. Ele também não poupou críticas à MP. "É um tapa na cara, porque você não ceifa um segmento sem debater com esse segmento. Você fere de morte principalmente a questão das bases. Está tirando das ONGs, que chegam onde o estado não chega. O estado não faz e quem faz em nome do estado perde a condição de fazer. É difícil entender e não se indignar. Esse tapa na cara é também um tapa na cara dessa Casa", comentou em referência à Câmara dos Deputados.
É que, desde o fim do ano passado, a Comissão de Esporte discute um projeto de lei que visava alterar a divisão da parte que cabe ao esporte na arrecadação das loterias. Diversas entidades vinham discutindo como deveria ser a melhor divisão do bolo e a expectativa é que o PL de consenso fosse ao plenário da Câmara dos Deputados ainda este mês. A MP, porém, praticamente acabou com esse recurso, enterrando o projeto de lei.
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