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Governo define preço para alugar arena olímpica a clubes do Rio: 565 reais

Demétrio Vecchioli

11/06/2018 04h00

Vasco e Bauru na Arena Carioca 1 pelo NBB (divulgação)

Por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), o governo federal enfim criou uma tabela de preços padronizada para o aluguel dos equipamentos do dito "legado olímpico", no Parque Olímpico da Barra. A partir de agora, os clubes de basquete do Rio, que utilizavam a Arena Carioca 1 sem custos, terão que pagar aluguel. O valor, porém, fica bem aquém do que a média do mercado. Por um dia, o aluguel do ginásio inteiro custará R$ 565. Gastos com luz e água, por exemplo, serão arcados pelos cofres da União, que prevê gastar R$ 38 milhões para gerir o parque olímpico em 2018.

A tabela definida pela Autoridade de Governança do Legado Olímpico (AGLO), autarquia ligada ao Ministério do Esporte, tem valores específicos por metro quadrado para os quatro equipamentos do parque: a Arena Carioca 1 (ginásio com arquibancada para 6,5 mil pessoas), a Arena Carioca 2 (um galpão sem arquibancada), o Velódromo (não só para ciclismo de pista, mas também para competições que podem ser realizadas no "miolo" do circuito oval) e o Centro de Tênis (uma arena a céu aberto).

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O valor da diária por metro quadrado cresce quando o evento não tem interesse público ou quando trata-se de um "grande evento" (como o Rock In Rio). Além disso, há um fator de multiplicação que também varia de acordo com o tipo de evento. Uma competição esportiva com fins lucrativos tem fator 0,3. Um grande evento, fator 2,0.

O Olhar Olímpico fez as contas, que mostram que quem quiser alugar os quase 1,5 mil metros quadrados da Arena Carioca 1 para um evento esportivo considerado "de interesse público" vai pagar R$ 565 por dia. Para se adequar a esse perfil, o evento de ter "mútua cooperação" entre órgãos e entidades da administração pública ou entre estes e a sociedade civil, e contribuir "para o cumprimento de políticas públicas".

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No caso de partidas entre clubes de basquete, ou mesmo da seleção brasileira, que já atuou na Arena Carioca, o interesse público seria facilmente defendido a partir da noção de que partidas assim auxiliam na política pública de incentivo ao esporte.

O Olhar Olímpico perguntou à AGLO sobre o valor que seria cobrado pelo aluguel completo do ginásio, mas não obteve resposta objetiva. Em situações em que o aluguel se der para eventos "sem interesse público", o valor subiria para R$ 6,3 mil ao dia. Já para "grandes eventos", o preço chegaria a cerca de R$ 25 mil ao dia. A AGLO diz não ter uma previsão de quanto deve arrecadar ao ano.

Chama atenção que o valor de locação para clubes de basquete, calculado pelo Olhar Olímpico em R$ 565, é bastante aquém da média utilizada no futebol, que é de algo entre 10% e 15% da renda líquida da partida. Quando jogou na Arena 1 durante o NBB10, o Flamengo arrecadou R$ 21 mil em média. O Vasco, menos de R$ 4 mil. Em troca da utilização do ginásio, os clubes (também o Botafogo, que não cobrou ingresso em seus jogos), colocaram armários nos vestiários.

O valor cobrado pelo governo federal também fica bem abaixo do que o Estado de São Paulo, por exemplo, cobra para alugar o Ibirapuera. Para dois dias de Jogo das Estrelas, e outros três de mobilização, a Liga Nacional de Basquete (LNB) teve que pagar R$ 43 mil fixos, além de uma porcentagem de 6% da bilheteria e outros 6% do arrecadado com todo e qualquer produto vendido no ginásio, incluindo comidas e bebidas.

Na Arena Carioca 1, a partir da tabela definida pelo governo federal, pelo mesmo evento a LNB pagaria menos de R$ 2 mil, apenas, uma vez que os dias de mobilização (ou seja, de montagem e desmontagem do evento) custam uma taxa de 10% de uma diária cheia. Os dois ginásios concorrem entre si para receber eventos como partidas de seleções e jogos especiais.

Recentemente, o TCU determinou que a AGLO deveria proceder com a adoção "de um modelo de gestão sustentável de legado olímpico sob os aspectos econômico, social e ambiental". Por "gestão sustentável sob o aspecto econômico" compreende-se que a autarquia deve aproveitar os equipamentos para gerar receita para se manter. Para 2018, o orçamento da AGLO é de R$ 38 milhões.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.