Pelé depõe na Lava Jato e nega a Bretas que tenha visto compra de votos
Pelé enfim prestou depoimento como testemunha arrolada pela defesa do ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman. Nesta terça-feira, o Rei do Futebol foi interrogado pelo juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas, por meio de uma vídeo-conferência de 32 minutos, diretamente de sua casa em Santos. Ao longo do mês passado, em duas oportunidades Pelé adiou o depoimento, alegando questões de saúde.
A oitiva de Pelé, 24ª testemunha do processo originário da Operação Unfair Play, desdobramento da Lava-Jato no Rio, foi solicitada pela defesa de Nuzman porque, em 2009, o ex-jogador foi embaixador da campanha do Rio para ser escolhido com sede da Olimpíada de 2016. O Rei do Futebol fez diversas viagens acompanhando Nuzman e outros embaixadores e inclusive participou de encontros com Lamine Diack, senegalês que, de acordo com a acusação, teria recebido propina para votar no Rio.
A Bretas, Pelé – tratado pelo juiz inicialmente como "senhor Edson" e depois como "senhor Pelé" – confirmou ter se encontrado com Diack em evento na África, mas negou que tenha ouvido qualquer menção a uma suposta compra de votos. "Essa conversa aí deve ter sido em particular. Nunca ouvi isso", disse o craque, depois de afirmar que não lembrava de ter estado na Nigéria, o que foi amplamente divulgado à época, em julho de 2009. Ele disse que se lembrava do encontro ter sido no Senegal.
De forma geral, as informações de Pelé foram muito pouco precisas. O ex-jogador se confundiu diversas vezes com datas, misturando fatos recentes com antigos. Sobre a campanha pelo Rio, citou por exemplo, um evento com os cantores Marisa Monte e Seu Jorge – mas isso aconteceu três anos depois da eleição, em 2012, durante a Olimpíada de Londres.
"Os depoimentos hoje prestados foram bastante firmes no sentido de atestar a dedicação, a correção e o empenho de Carlos Arthur Nuzman em tornar realidade o que seria um sonho. Cada vez mais a acusação se enfraquece com a contundência da prova francamente favorável à defesa", disseram, em nota, os advogados Nelio Machado e João Francisco, que defendem Nuzman.
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