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Olhar Olímpico

Procurador de tribunal antidoping é detido acusado de portar cocaína

Demétrio Vecchioli

04/05/2018 12h21

Ricardo Almeida (divulgação/AGU)

Desde a instituição do Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJDA), sempre que um atleta brasileiro é flagrado pelo uso de substância proibida, ele é denunciado ao tribunal por um procurador. Atualmente, três pessoas cumprem esse papel. Uma delas era Ricardo Marques de Almeida, preso na quarta-feira acusado de tentar esconder um papelote de cocaína e oferecer suborno a dois policiais militares. Ele pediu renúncia do cargo após o ocorrido.

O caso ganhou repercussão porque Ricardo Almeida, de 35 anos, é procurador-federal da Advocacia Geral da União (AGU). Indicado pelo órgão, ele chegou à Procuradoria, onde atuava como procurador ao lado de outros dois profissionais – Patrícia Reali e Alexandre Ferreira. Acima deles, Bruno Barata, que é o procurador-chefe. A AGU descrevia assim suas funções: "Ele (Almeida) será acionado para formular as representações contra atletas e levá-las para apreciação do tribunal quando a ABCD detectar problemas em amostras".

Ricardo Marques também atuava como procurador-chefe da Autoridade de Governança do Legado Olimpíco (AGLO), autarquia responsável por cuidar do legado olímpico no Rio. Em nota, a entidade também disse "lamentar o episódio de caráter privado" e informou que Almeida "está tirando férias para cuidar da sua defesa". O TJDA foi na mesma linha, tratando o episódio como de "caráter privado" e afirmando que "defende a completa apuração do caso".

A Polícia Militar do Rio afirma que policiais do 2º BPM (Botafogo) estavam em patrulhamento na madrugada de pela Avenida Vieira Souto, em Ipanema, quando desconfiaram de dois indivíduos sentados ao lado de um quiosque. Durante a abordagem, Almeida teria tentado se desfazer da embalagem com cocaína jogando-a dentro da pia do quiosque.

Depois, já detido, enquanto era levado para a delegacia, o procurador teria dito estar passando mal e pediu para que os policiais parassem em um posto de gasolina. Lá, teria oferecido R$ 300 para que os oficiais o libertassem. Ele foi indiciado por corrupção ativa, mas vai responder em liberdade.

Após a divulgação do caso, Almeida apresentou carta de renúncia do cargo ao presidente da TJDA, Luciano Hostins.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.