CBAt contrata auditoria, mas vai fiscalizar só 2 contratos de ex-presidente

Toninho Fernandes (à esq.), agora ex-presidente, e Warlindo Carneiro, atual presidente da CBAt

Mais de um mês depois da renúncia de Toninho Fernandes, o novo presidente da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) cumpriu o que ficou acertado na assembleia extraordinária destinada ao tema e contratou uma auditoria para fiscalizar ações de seu antecessor. Mas apenas serão auditados dois contratos, convênios firmados com a secretaria estadual de São Paulo e com o Ministério do Esporte.

Em nota oficial publicada no fim da semana passada, o presidente Warlindo Carneiro informou a contratação dos serviços de auditoria externa da Grant Thorton. A empresa irá auditar o convênio firmado com o governo paulista para a realização do Troféu Brasil de 2014 e o firmado com o Ministério do Esporte para funcionamento da Rede Nacional de Treinamento de Atletismo.

Além disso, foram instaurados dois inquéritos administrativos, para apurar "fatos relacionados à aplicação de recursos" desses dois convênios. As comissões de inquérito serão presididas por Martinho Nobre dos Santos, que foi superintendente técnico da CBAt durante a gestão de Toninho e agora produzirá um relatório sobre seu antigo patrão. Atualmente ele é o diretor financeiro e administrativo da confederação.

Os dois convênios auditados estiveram no centro de polêmicas da CBAt nos últimos meses. Um deles com o governo paulista ganhou destaque depois que o Olhar Olímpico mostrou que a confederação apresentou uma nota fiscal de R$ 555 mil de hospedagem de atletas no Troféu Brasil, incluindo nomes dos supostos hospedados, mas que na verdade não houve hospedagem de competidores durante o torneio. Toninho nunca conseguiu comprovar o que fez com o dinheiro.

Já o convênio com o Ministério do Esporte não é alvo de denúncia de fraude. Mas a demora da CBAt em aplicar os recursos e criar uma rende nacional de treinamento fez com que o governo federal suspendesse o contrato, fazendo a confederação devolver parte do que já havia recebido. A situação gerou desconforto dentro da entidade.

Todas as demais ações de Toninho, porém, não serão auditadas, inclusive outros três convênios com o governo do Estado de SP, que também são citados na reportagem do Olhar Olímpico – para o GP Brasil de 2014, por exemplo, houve compra de 50 troféus, mas nenhum foi distribuído.

"Em relação aos demais contratos, a CBAt não vê, a priori, necessidade em realizar qualquer procedimento a respeito, considerando a validade das prestações de contas e das auditorias realizadas anteriormente. No entanto, caso haja a real necessidade, a CBAt tomará as providências que julgar necessárias para o total esclarecimento dos fatos, de forma imediata", disseram, à reportagem, Martinho e Warlindo, via assessoria de imprensa.

Mudanças 

Nas últimas semanas, Warlindo tem feito mudanças na cúpula da CBAt. Ex-presidente do Panathlon, clube investigado por convênios suspeitos com a prefeitura de São Paulo, o antigo gerente de governança Georgio Hatzidakis foi desligado depois de reportagens do Olhar Olímpico e da Rádio CBN.

Já João Paulo Alves da Cunha, treinador de provas de lançamento e arremesso e bastante ligado a Toninho, foi contratado para ser o novo diretor-técnico da confederação, no lugar de José Haroldo Loureiro Gomes. Quem também saiu foi Antônio Carlos Gomes, antigo técnico de Jadel Gregório, que deixou o cargo antes ainda da renúncia de Toninho.