Duda cobra renúncia de presidente da CBHb e maior participação de atletas
O momento delicado do handebol brasileiro tem mobilizado os principais jogadores do país, mesmo aqueles que moram no exterior. Uma das líderes desse movimento é a ala Duda, que tem reunido as jogadoras da seleção feminina e, como capitão da equipe, falado como líder das atletas. Na semana passada, foi dela uma das assinaturas na carta que pediu a renúncia do presidente da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb), Manoel Oliveira.
"Chegamos à conclusão de que o ideal seria que o presidente afastado renunciasse e respondesse pelo que tem que responder fora da confederação para que pudéssemos mostrar a seriedade e independência da instituição. Perdemos chances de assinar com patrocinadores por causa das denúncias e precisamos de uma mudança o mais rápido possível. Por estas razões, decidimos que agora era o momento", explicou Duda, em entrevista ao Olhar Olímpico por e-mail.
A mobilização tem sido toda online. Nesta segunda-feira, por exemplo, Duda é uma das convocadas para a primeira reunião extraordinária da comissão de atletas da CBHb, que vai acontecer pelo Whatsapp. Além dela, vão participar a goleira Bárbara, Patricia Scheppa, que é capitã da seleção de handebol de areia, e Thiagus Petrus, dono da faixa de capitão na seleção masculina. Além deles, estarão na conversa dois representantes da CBHb.
Na pauta, uma apresentação de quem é Ricardo Luiz de Souza, o dirigente de Alagoas, vice-presidente eleito na mesma chapa de Manoel Oliveira e agora presidente em exercício, e uma discussão sobre o pedido de renúncia encaminhado à CBHb na semana passada. "É uma luta conseguir maior representatividade, não só na CBhb, mas nas confederações em geral, acredito que aos poucos vamos conseguir virar esse jogo", disse.
Manoel foi afastado pela Justiça em decisão proferida por um juiz do Distrito Federal no último dia 6 de abril, atendendo pedido de uma ação popular. Esta, por sua vez, levou em consideração denúncias que já são públicas desde novembro de 2016, quando começaram a ser publicadas pela ESPN, repercutindo também em outros veículos, como o próprio UOL.
De acordo com Duda, os principais jogadores do país demoraram a reclamar publicamente do presidente da CBHb por conta da Olimpíada, disputada três meses antes das denúncias. "Os Jogos não permitiram que os atletas conseguissem se organizar adequadamente para que pudéssemos nos posicionar de maneira firme e ainda não havia uma denúncia formal. Chegavam algumas informações, mas não sabíamos exatamente o que era verdade, o que era especulação. Com o fim dos Jogos, passamos a buscar mais informações, compreender melhor as denúncias e nos juntarmos em prol da modalidade. Levou um certo tempo para que conseguíssemos nos mobilizar de maneira ordenada, até porque os principais atletas jogam em clubes fora do Brasil", argumentou.
Agora, com a notícia do fim do patrocínio do Banco do Brasil à modalidade e a redução do apoio dos Correios, deixando a CBHb com apenas um contrato de R$ 1,6 milhão de patrocínio ao ano (contra quase R$ 16 milhões em 2016), os atletas estão preocupados com o futuro. "É uma redução drástica de verbas, em função desses processos e isso nos tira qualquer certeza. Serão tempos ainda mais difíceis, mas enxergo como uma grande chance de sairmos mais fortes e estruturados", continuou a jogadora.
A crise no handebol brasileiro vem em momento importante para os jogadores em seus clubes. Duda, por exemplo, é uma das estrelas do Gyori, da Hungria, que está no Final Four da Champions League feminina, a partir de 12 de maio. Ana Paula e Mayssa, pelo Rostov, da Rússia, também estão na fase final da competição.
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