Após denúncia do UOL, presidente da CBAt renuncia ao cargo
O presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, Toninho Fernandes, anunciou a renúncia ao cargo neste domingo. Ele vinha sendo pressionado para deixar o cargo desde a divulgação de uma reportagem do UOL sobre a emissão de notas frias. A decisão foi oficializada pelo site da confederação no início da tarde de domingo e ocorre um dia antes da assembleia ordinária que discutiria o caso nesta segunda-feira.
Em dezembro, o blog Olhar Olímpico denunciou indícios de fraudes em um convênio entre a CBAt e a Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo (SELJ). A reportagem mostrou indícios de superfaturamento, utilização de empresas de fachada e, principalmente, notas frias.
A maior delas atingia o valor de R$ 555 mil, referentes às hospedagem de 370 atletas durante o Troféu Brasil de 2014. Toninho chegou a juntar uma lista com 370 nomes, mas o Olhar Olimpico mostrou que na verdade ninguém ficou hospedado.
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Toninho nunca conseguiu explicar para confederações e clubes onde foram parar esses R$ 555 mil. O regulamento do torneio era claro sobre a CBAt não oferecer hospeagem no torneio. E toda a comunidade do atletismo sabia que não houve hospedagem.
Ele chegou a ter três meses para se explicar, depois de prometer esclarecer tudo na assembleia desta segunda. Mas, sabendo do risco de ser derrubado em virtude da pressão feita por dirigentes de federações, ele optou pela renúncia.
Na sexta, na assembleia do COB, circularam nos corredores comentários sobre seu abatimento. Na sexta-feira à tarde, ele tirou férias da confederação, aumentando os boatos de que não se manteria no cargo até terça. Mas a renúncia neste domingo foi vista como surpreendente.
Agora quem assume é o vice-presidente Warlindo Carneiro, de Pernambuco. Ele era o vice desde que Toninho assumiu, em 2012. Nos bastidores, especula-se sobre a participação do ex-presidente Roberto Gesta de Melo na decisão.
Antes de assumir a CBAt, Toninho, ligado ao sindicato dos educadores físicos, foi presidente da Federação Paulista de Atletismo (FPA). Durante a gestão dele, a entidade recebeu amplo financiamento do governo paulista, com média de mais de R$ 10 milhoes por ano.
Uma quantia muito acima do que normalmente ocorre. O polêmico Troféu Brasil de 2014, por exemplo, custou R$ 1,5 milhao aos cofres públicos. Já em 2018, após a divulgação da denúncia do UOL, a CBAt pediu R$ 150 mil aos COB para fazer um torneio de mesmo porte.
A queda de Toninho, porém, tem muito a ver com a comunidade do atletismo, que se organizou para derruba-lo. Outras entidades não fizeram o mesmo, como a CBDA, de esportes aquáticos. No comando da federação Paulista, Miguel Cagnoni teve práticas idênticas às de Toninho. Mas ele foi respaldado pelos atletas, que ignoraram as denúncias.
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