Confederação de handebol deu procuração irrestrita a mulher de presidente
Presidente da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) há 28 anos, Manoel Oliveira chegou a transformar o comando da entidade em uma continuação da sua própria casa. Documento obtido pelo Olhar Olímpico mostra que, em 2013, ele assinou uma procuração para que sua mulher, Márcia Oliveira, tivesse "irrestritos" poderes sobre a confederação, no Brasil e fora dele.
A procuração foi assinada em março de 2013, exatamente um mês depois de Manoel ser eleito para seu sétimo mandato. No documento, registrado em Aracaju, onde o casal mora e está instalada a sede da CBHb, ele nomeia a esposa como procuradora para representar a instituição com poderes "amplos, gerais e irrestritos". A procuração vale para os territórios "nacional e internacional" e em todas as repartições públicas possíveis.
A ligação entre os dois é tão clara que inclusive o endereço registrado no documento para os dois é o mesmo: uma casa no bairro de Coroa do Meio, em Aracaju. Naquela época, segundo a CBHb, a esposa do presidente era também a diretora administrativa da confederação.
Procurada, a CBHb confirmou a autenticidade do documento que, segundo a confederação, não tem mais validade. A entidade não informou quando ela foi revogada, apenas que deixou de valer quando Márcia deixou seu cargo. Isso só aconteceu quando o estatuto passou a proibir a contratação de cônjuge e parentes de até segundo grau de seu presidente.
O fato de Márcia ter sido diretora da confederação não é uma novidade. Em 2016, a ESPN Brasil mostrou que a mulher de Emanoel estava diretamente envolvida com o escândalo de contratações para o Mundial Feminino realizado em 2011 no Brasil. À época, ela era presidente da comissão especial de compras e contratações da CBHb e assinou quase todas as atas de compras, realizadas em Aracaju. Mas as investigações da Controladoria Geral da União (CGU) mostram que ela estava em São Paulo naquelas datas.
Apesar das denúncias, Manoel conseguiu se reeleger para a presidência da CBHb, para um último mandato, de 2017 a 2020. A votação não era reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do handebol até outubro. Manoel resolveu o problema mudando a composição do tribunal, que voltou atrás da decisão, como contou o Olhar Olímpico.
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