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Novato, Almir Júnior iguala Jadel e é prata no Mundial Indoor de Atletismo

Demétrio Vecchioli

03/03/2018 17h35

Almir Júnior salta apra a prata no Mundial (Stephen Pond/Getty Images for IAAF)

Onze anos depois, o Brasil está de volta ao pódio daquela que é a prova mais tradicional do seu atletismo: o salto triplo. Neste sábado, o desconhecido Almir Júnior colocou seu nome na história ao conquistar a medalha de prata no Mundial Indoor que está sendo disputado em Birmingham, na Inglaterra. Natural do Mato Grosso e atleta da Sogipa (RS), ele só começou a treinar no salto triplo na temporada passada e chegou ao Mundial com a melhor marca do mundo na temporada indoor. Numa prova parelha, ele ficou só dois centímetros atrás do norte-americano Will Claye, que ficou com o ouro.

Almir não se ofende em ser tratado como "desconhecido" – pelo contrário, admite que o é. Há 20 dias, o Olhar Olímpico (link abaixo) contou a história do saltador de 24 anos que, até a temporada 2016, era apenas um atleta razoável de salto em altura, sequer o melhor do país. Depois de se destacar nos Jogos Abertos do Interior de São Paulo, quando disputou o triplo só para somar pontos para a cidade que o contratou, Almir decidiu mudar de prova e se saiu muito bem.

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No ano passado, liderou o ranking brasileiro do triplo com um resultado conquistado já finalzinho da temporada, em dezembro. No início deste ano, teve a oportunidade de competir uma vez nos Estados Unidos, fazendo sua estreia em ambiente indoor, ganhou com a melhor marca da temporada, e foi convidado a disputar duas provas na Europa. Levou ambas, sempre melhorando o melhor resultado do ano – e do mundo.

Mesmo assim, havia quem desconfiava que Almir poderia "tremer" em seu primeiro Mundial adulto. Não foi o que aconteceu. O brasileiro começou a prova com um salto conservador, que o deixou em terceiro, e na segunda tentativa assumiu a liderança, com 17,22m. Um resultado que, já se sabia, provavelmente o levaria ao pódio – e, de fato.

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A partir dali, era tentar melhorar para ganhar o ouro. Primeiro o português Nelson Évora (17,40m), depois o norte-americano Will Claye (17,43m) foram melhor que ele. Mas Almir se recuperou. No quarto salto, fez 17,41m, melhor marca da carreira, tirando de Évora o segundo lugar – o português, dono de quatro medalhas em Mundiais, havia batido o recorde nacional.

Pelas regras do Mundial Indoor, só os quatro primeiros colocados participam da última rodada. Quando o cubano naturalizado azeri Alexis Copello queimou, o bronze ficou garantido. Tentando o ouro, porém, Almir atacou demais a tábua e queimou. Mas ficou com a prata, numa competição de altíssimo nível, que contou com praticamente todos os melhores do mundo – exceto o cubano Pichardo, que tenta mudar de nacionalidade e não foi convocado por Cuba. Como comparativo, em sua primeira prata em Mundiais Indoor, Jadel Gregório saltou 17,43m, apenas dois centímetros melhor do que fez Almir em Birmingham.

Uma vez que os Mundiais de Atletismo só começaram a ser disputados em 1983 (os outdoor), só Jadel Gregório, entre os triplistas brasileiros, tem medalha. No caso, três, todas de prata, sendo duas indoor (2004 e 2006) e uma ao ar livre (2007). Nos Jogos Olímpicos, o Brasil foi ouro com Adhemar Ferreira da Silva (1952 e 1956), Nelson Prudêncio (prata em 1968, bronze em 1972) e João do Pulo (bronze em 1976 e 1980).

Em Birmingham, o Brasil ainda tem uma chance real de medalha, domingo, com Thiago Braz, no salto com vara. Apesar da decepção com Rosângela Santos, que nem passou das eliminatórias dos 60m, o Brasil faz boma competição até aqui, com três atletas no Top 10. Pela manhã, Darlan Romani foi quarto no arremesso de peso e Núbia Soares ficou em nono no salto triplo. Ela, porém, competiu muito abatida pela morte do técnico dela, Tide Junqueira, há um mês

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.