Debate entre candidatos a vice do COB mostra La Porta como favorito
Os três candidatos à vice-presidência do Comitê Olímpico do Brasil (COB) participaram nesta quarta-feira, em São Paulo, de um debate no qual discutiram ideias a respeito do esporte no Brasil. Ainda que o vice do COB seja um cargo quase decorativo, o evento, promovido pela ONG Sou do Esporte, serviu para mostrar a diferença de perfis. E que Marco La Porta nada de braçadas para ser eleito no próximo dia 23.
O evento durou longas quatro horas, terminou já bastante esvaziado, mas reuniu representantes de um número considerável de confederações, principalmente as baseadas em São Paulo, como as atletismo, boxe e beisebol/softbol, além de cartolas de federações paulistas. Entre os atletas com direito a voto na assembleia do COB estavam presentes Thiago Pereira, Tiago Camilo e Baby Futuro. Nalbert e Magic Paula representaram a Atletas pelo Brasil.
Num clima amigável, sem provocações ou qualquer tipo de troca de farpas, os três mostram a que vieram. Ainda que só tenha chegado à presidência da Confederação Brasileira de Triatlo (CBTri) no ano passado e que seja um dos dirigentes há menos tempo no COB, Marco La Porta mostrou amplo conhecimento sobre os meandres do comitê. Não é à toa que ele é o candidato das confederações, maioria no colégio eleitoral.
Quando a pergunta foi a opinião deles sobre um projeto de lei que altera o mecanismo de distribuição dos recursos das loterias federais, com o dinheiro indo da Caixa para as confederações diretamente, sem passar pelas mãos do COB, La Porta revelou-se radicalmente contra. Ele até cometeu um ato falho, precisando se corrigir para explicar que aquela era sua opinião pessoal, não das confederações. La Porta já fala como um representante do COB.
Se alguém levou o debate a sério para escolher seu voto, dificilmente Marcel saiu no lucro. O ex-jogador de basquete, que se apresenta como o candidato "dos atletas", ainda que esteja em inatividade há mais de duas décadas, transvergiu sobre os mais diversos temas. Mais do que ideias, posicionamentos, lembrou que é um ex-atleta e que o atleta deve ser sempre o foco do movimento olímpico – sem chegar a lugar algum ou apresentar alguma proposta prática.
Já José Medalha, educador físico, cobrou diversas vezes mais dinheiro para o esporte escolar. Não à toa: ele é diretor de relações institucionais da Confederação Brasileira de Desporto Escolar (CBDE), que recebe (ou deveria receber) a cota a que tem direito do dinheiro das loterias por intermédio do COB, do CPB (paraolímpicos) e do CBC (clubes). As três entidades, porém, têm travado o repasse porque a CBDE não apresenta projetos.
Medalha tem uma empresa de promoção de eventos que atua principalmente em seletivas dos Jogos Escolares (organizados pelo COB), e quando questionado pelo Olhar Olímpico se deixaria de lado seus negócios para assumir a vice-presidência do COB, falou da família, da vida de aposentado, e omitiu o lado empresário. Confrontado, disse que não vê conflito de interesses, e que, se eleito, passaria a empresa para os filhos.
Na tentativa de se mostrar a par do que acontece no COB, Medalha imprimiu o "mapa estratégico" do comitê e levou ao debate. Em determinado momento, Georgios Hatzidakis, da plateia, perguntou exatamente sobre o mapa e Medalha se gabou de ter o material. Medalha foi orientador da tese de mestrado de Georgios e os dois participam juntos em diversas entidades, como da diretoria do Conselho Regional de Educação Física.
A insistência em falar de esporte escolar – tanto pela parte de Medalha quanto da de Marcel – rendeu até uma bronca de Thiago Pereira. O ex-nadador, falando como representante dos atletas, citou os Estados Unidos para lembrar que quem precisa se preocupar com esporte de base é o Ministério do Esporte. Ao COB cabe cuidar do esporte de alto rendimento. Marcel fez cara de quem vestiu a carapuça.
Será uma grande surpresa se Marco La Porta não for eleito no próximo dia 23. Diferente de Ricardo Machado, da esgrima, que era o favorito de Paulo Wanderley e desistiu da candidatura, La Porta até 2017 não participava da gestão de sua confederação (ainda que fosse diretor técnico). Ou seja: dificilmente seu nome será desabonado nas próximas três semanas por erros do passado.
Uma eventual eleição dele deve dar sossego para Paulo Wanderley, que terá um aliado na vice-presidência até o fim do seu mandato, em 2020. Essa eleição é quase de cartas marcadas, de um apadrinhado contra dois candidatos que fazem voo solo, praticamente. A disputa de verdade, assim, vai ficar mesmo para 2020.
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