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Olhar Olímpico

Secretaria abre sindicância para investigar convênios com CBAt e federações

Demétrio Vecchioli

03/01/2018 04h00

Toninho Fernandes. (divulgação/CBAt)

A Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo, a SELJ, abriu sindicâncias internas para apurar convênios firmados, entre outras entidades, com a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e com a Federação Paulista de Atletismo (FPA). Ambas foram tema de reportagens do Olhar Olímpico na semana que antecedeu ao Natal. Na oportunidade, o blog mostrou fortes indícios de irregularidades.

Em nota, a SELJ, que atualmente tem como secretário o delegado da Polícia Federal Paulo Gustavo Mairuino, afirmou que os convênios citados pela reportagem do UOL estão "em fase de reavaliação". "Serão instauradas sindicâncias internas para apurar eventuais responsabilidades de servidores e/ou ex-servidores da secretaria. Em caso de evidências de prática criminosa, os órgãos responsáveis serão devidamente comunicados", avisou a pasta.

Presidente da CBAt e ex-presidente da FPA, Toninho Fernandes tem se apegado ao mantra de que as prestações de contas dos convênios foram aprovados pela secretaria e pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP) para barrar um movimento que cobra seu afastamento do cargo.

Na reportagem publicada no último dia 20, o Olhar Olímpico mostrou que, na prestação de contas de um convênio para a realização do Troféu Brasil de 2014, a CBAt apresentou uma nota fiscal de R$ 550 mil alegando ter hospedado e alimentado 370 atletas durante os quatro dias do evento. E anexou uma lista com os nomes dos tais 370. Entretanto, mais de uma centena deles procurou a reportagem para negar que tenham recebido o benefício – é provável que ninguém tenha sido hospedado pela CBAt, como inclusive determinava o regulamento do torneio.

Além disso, há compras com indício de superfaturamento. Em um torneio com 20 provas, foram comprados 50 troféus para campeões – e nenhum deles recebeu troféu. Também foram compradas 200 medalhas, ainda que só 60 atletas tenham subido ao pódio.

No caso da Federação Paulista de Atletismo (FPA), que atualmente tem como presidente Mauro Chekin, ex-funcionário da SELJ e investigado por enriquecimento ilícito, recaem suspeitas com relação, principalmente, ao aluguel de três notebooks e cinco impressoras por 17 dias ao custo de mais de R$ 100 mil. Em nota, a entidade também argumentou que as prestações foram aprovadas, alegando que o material foi usado durante toda a preparação do evento. Só que os serviços, pelo que a FPA informou à SELJ, não foram prestados por ela, mas por terceirizadas. Vice-presidente e responsável por assinar documentos da federação, Elisângela Adriana já pediu afastamento e cobrou investigação.

Também foram citadas em reportagens do Olhar Olímpico a Federação Aquática Paulista (FPA) e a Federação Paulista de Judô (FPJ). As duas entidades também se prenderam ao fato de as contas terem sido aprovadas para rebater as denúncias, sem entrar no mérito delas – ambas contratavam empresas de fachada para gerir os convênios. Elas também serão alvo de sindicância interna na SELJ.

O Tribunal de Contas do Estado está em recesso e a assessoria de imprensa não foi encontrada para comentar.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.