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Olhar Olímpico

Cana de açúcar levará o Brasil a todas as partidas da Copa

Demétrio Vecchioli

12/12/2017 04h00

A Copa do Mundo do ano que vem será na Rússia, mas o Brasil mais uma vez terá sua marca em todas as 64 partidas da competição. É que, pela primeira vez, a bola utilizada no torneio terá como componente uma borracha especial, feita a partir de cana de açúcar. Segundo o fabricante, uma borracha orgânica que tem uma pegada de carbono 10 vezes menor do que as similares, derivadas do petróleo.

Depois da "falada" Jabulani, na África do Sul, e da insossa Brazuca, ambas trazendo referências culturais ao país sede, a bola da próxima Copa não tem nenhuma ligação com a Rússia. A Telstar 18 inclusive tem o mesmo nome – Telstar – das tradicionais bolas de gomos hexagonais utilizadas nas Copas do Mundo entre as décadas de 1970 e 1980, as primeiras feitas pela Adidas para os Mundiais.

Repaginada, porém, a bola traz novas tecnologias. Para a Adidas, a Telstar 18 é a "bola mais inovadora" de todos os tempos, até porque ela já vem dotada de um chip que permitirá aos torcedores interagirem com ela através de um smartphone.

A tecnologia brasileira está na segunda camada, que vem logo abaixo do couro sintético. Cada bola tem cerca de 15 gramas de borracha ecológica derivada da cana da açúcar. "Ela é uma camada esponjosa tem como funções manter o formato da bola, redondo, e transmitir a força do impacto do chute para a parte interior da bola", explica Marcos Oliveira, diretor de vendas e marketing da Arlanxeo, empresa de capital alemão e saudita que opera em quatro unidades no país, uma delas em Triunfo, no Rio Grande do Sul.

De acordo com ele, a borracha ecológica tem a mesma tecnologia de ponta de uma borracha comum. A diferença está no impacto ambiental de cada uma delas. "A Adidas nos procurou na busca de materiais sustentáveis. Somos o único fabricante que consegue fazer borracha sintética com matéria prima natural", conta.

O insumo, o gás eteno, é produzido pela Brasken, empresa do grupo Odebrecht que domina o setor de polímeros no país e que desenvolveu a tecnologia para produzir plástico ecológico. A Arlanxeo, que tem sua fábrica colocada à da Brasken em Triunfo, deu um passo além para reproduzir essa tecnologia na borracha. Só para a Adidas a venda deverá ser de 100 toneladas.

De acordo com o diretor da Arlanxeo, a pegada de carbono do produto é 10 vezes mais baixa do que polímeros derivados de petróleo fóssil. Além disso, segundo a empresa, testes comprovaram que a emissão de CO2 da EPDM Kelman Eco (como a borracha ecológica é chamada) é 50% menor. Além das bolas, o material pode ser encontrado em vedamentos de automóveis e mangueiras, entre outros produtos.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.