Escândalo de doping tira a Rússia da próxima Olimpíada
O Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu nesta terça-feira, na Suíça, proibir a participação da Rússia como país na próxima edição dos Jogos Olímpicos de Inverno, que começa daqui a exatos 66 dias em Pyeongchang, na Coreia do Sul. A decisão foi tomada depois de o Comitê Executivo avaliar o relatório do advogado suíço Denis Oswald e concluir que os russos só poderão competir como "neutros" e desde que cumpram uma série de requisitos. O Comitê Olímpico da Rússia ainda foi multado em 15 milhões de dólares.
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Pelo que explicou o COI, só poderão competir nos Jogos de Inverno atletas convidados por um painel presidido pela francesa Valerie Fourneyron, presidente do novo ITA (sigla em inglês para Autoridade Independente de Testes). O painel vai incluir membros de outras entidades, incluindo a Wada e o COI. Só podem ser convidados atletas que se qualificaram para os jogos e que devem ser "considerados limpos".
A punição é a mais dura já tomada pelo COI, não apenas no que tange ao combate ao doping, mas dentro do movimento olímpico de uma forma geral. Nunca um país de tamanha relevância dentro do esporte foi proibido de competir. Nas outras ocasiões em que houve ausência de uma ou outra potência, a razão sempre foi um boicote voluntário. Antes mesmo da decisão do COI, o Kremlin garantiu nesta terça que não vai boicotar os Jogos de Pyeongchang, como se temia.
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Nos Jogos Olímpicos do Rio, no ano passado, o COI atribuiu a cada federação internacional a decisão de liberar ou não a participação de atletas russos. Algumas federações, com especial destaque para a de atletismo, colocaram empecilhos que acabaram vetando a presença de quase 120 dos atletas inicialmente inscritos pelo comitê olímpico da Rússia. De 389 convocados, só 271 tiveram seus nomes aceitos. Os citados no relatório do investigador independente canadense Richard McLaren foram todos vetados.
À época, o Comitê Paraolímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) foi mais duro e, como faz agora o COI, proibiu a participação de atletas russos. Argumentou que o comitê paraolímpico russo não tinha condições de "garantir a adequação nem a fiscalização de acordo com o código anti-dopagem do IPC, nem com o código anti-dopagem mundial dentro da sua jurisdição nacional, e nem respeitar as suas obrigações fundamentais como membros do IPC."
No atletismo, a punição da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) foi mantida para a temporada 2017, com a Rússia sendo proibida de participar do Mundial de Londres, por exemplo. O mesmo está acontecendo no Mundial de Levantamento de Peso, que acaba nesta terça-feira nos Estados Unidos, e que não conta com atletas de nove países – um deles, a Rússia.
Agora, a decisão do COI surge em um outro contexto, principalmente porque ficou comprovado que a Rússia manteve um esquema estatal de doping antes e também durante os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi. Das 33 medalhas conquistadas, 11 já foram cassadas. Isso jogou uma grande dúvida sobre a real possibilidade de os russos competirem "limpos" na Coreia do Sul.
Possibilidade essa que a Agência Mundial Antidoping (Wada) rejeitou no mês passado, quando decidiu manter a suspensão aplicada à agência de controle russa e também ao laboratório de Moscou. Ou seja: não há como atestar que os atletas da antiga república soviética não seguem se utilizando de recursos proibidos para tirarem vantagem esportiva.
Também parece ter pesado na decisão do COI o fato de uma carta conjunta assinada por 17 agências antidoping de países como EUA e Grã-Bretanha ter solicitado formalmente ao comitê a exclusão da Rússia dos próximos Jogos de Inverno.
É difícil precisar o impacto esportivo da decisão, porque também é difícil precisar o que a Rússia conseguiria de resultados sem o doping. Em 2010, os russos ganharam 15 medalhas, sendo só três de ouro. Em total de medalhas, ficaram em sexto. Quatro ano antes, somaram 22 medalhas, aparecendo em quinto.
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