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Olhar Olímpico

Contra demolição, deputado pede tombamento do Complexo do Ibirapuera

Demétrio Vecchioli

19/11/2017 04h00

(divulgação)

Considerado o principal templo do atletismo no país, o Estádio Ícaro de Castro Mello está com os dias contados. Também o Parque Aquático Caio Pompeu do Toledo, outro dos integrantes do Complexo Esportivo do Ibirapuera, que o governo do Estado de São Paulo quer repassar à iniciativa privada incentivando-a a dar fim às duas estruturas. Mas um grupo de atletas, respaldado por deputados estaduais, tenta impedir que o plano seja colocado em prática.

Na terça-feira da semana passada, esses atletas se reuniram em frente à entrada do Ginásio do Ibirapuera, a mais famosa estruturada do Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, que também tem o Palácio do Judô (um galpão dedicado a aulas da modalidade) e o Ginásio Mauro Pinheiro (menor, com capacidade para 2 mil pessoas). Pelos documentos da primeira fase do edital que visa conceder o complexo à iniciativa privada, só os dois ginásios seriam reformados. O restante das instalações, que hoje estão ociosas, seriam demolidas para dar lugar a obras de infra-estrutura, uma nova arena e espaços comerciais que permitam ao futuro concessionário ter lucro com o contrato.

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As estruturas esportivas, hoje ociosas, são algumas das mais importantes da cidade. O parque aquático, reformado em 2013 ao custo de mais de R$ 30 milhões, é o maior e mais estruturado do estado. Da mesma forma, a pista do Ícaro de Castro Mello é a que recebeu as competições mais importantes do país. O estádio ainda recebe treinos, mas não competições, porque a pista foi deteriorada.

Se para o governo do Estado a solução é privatizar como forma de permitir que a cidade enfim tenha uma arena multiuso, que seria construída na área onde hoje está o estádio, para um grupo de atletas liderado pelo velocista Sandro Viana, ainda é possível recuperar o Ícaro. Na terça, ele era um dos líderes do movimento que também tinha atletas de outras modalidades, como judô.

O protesto realizado na porta do complexo teve o apoio de deputados estaduais, entre eles Luiz Fernando Teixeira (PT), que está tentando uma solução alternativa. Ele já apresentou um pedido de tombamento de todo complexo ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) de São Paulo.

O pedido foi apresentado no último dia 7 de novembro e ressalta que, pelo local, passaram medalhistas olímpicos e atletas renomados. Além disso, lembra que o espaço tem mais de 60 anos – foi inaugurado em 1957, depois de atraso nas obras, que visavam o Mundial de Basquete de 1954.

Mesmo um eventual tombamento não necessariamente impediria, porém, a privatização. O Complexo do Pacaembu, por exemplo, é tombado tanto pelo órgão estadual quanto o municipal, que colocam uma série de restrições para uma reforma. Mesmo assim, o órgão do município já pontuou que permite a demolição do Tobogã e a instalação de uma cobertura.

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.