CBB quer R$ 20 mi em patrocínio após ir de líder a lanterna da Lei Piva
Nenhuma outra confederação brasileira recebeu mais recursos da Lei Agnelo/Piva em 2016 do que a de basquete. Contando a cota predefinida e os valores referentes a projetos aprovados, a CBB levou R$ 6,1 milhões. Mas a falta de resultados internacionais e de transparência fez o cenário mudar do vinho para a água. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) já definiu que, no ano que vem, a confederação de basquete será, entre as que partem do mesmo piso, a que terá a menor cota. Mesmo assim, a entidade pensa grande e quer se salvar com dinheiro de patrocínio. A meta é arrecadar R$ 20 milhões ao ano.
A previsão é bastante otimista e foi revelada ao Olhar Olímpico por Carlos Roberto Fontenelle, secretário-geral da CBB. De acordo com ele, a entidade está "finalizando" um acordo com a Motorola para uma faixa intermediária de patrocínio, ao mesmo tempo que continua conversando com empresas do setor bancário para a cota máster.
"Os números estão sendo finalizados. O patrocínio máster nós queremos que seja na faixa de 15 milhões e o menor, intermediário, de cerca de um terço disso", revelou. No caso da Motorola, parte do patrocínio seria do que o mercado chama de "dinheiro bom", que sai do caixa da empresa, e parte repassado via Lei de Incentivo ao Esporte. Este, por ser recurso público, não pode ser aplicado em pagamento de dívidas e diversas outras despesas.
Os valores pedidos pela CBB, porém, estão acima do mercado. Basta considerar que o Bradesco, um dos bancos procurados pela CBB (o outro é a Caixa Econômica Federal), patrocinava a entidade até o ano passado, quando pagou R$ 9,6 milhões. Passada a Rio-2016, houve corte expressivo em todos os grandes patrocínios às confederações olímpicas brasileiras, com uma única exceção: o BNDES ampliou o repasse à canoagem.
E, diferente da canoagem, que ganhou três medalhas na Rio-2016, o basquete passou em branco. Pior: não conseguiu chegar nem à segunda fase, tanto no masculino quanto no feminino. Além disso, o Brasil está fora do próximo Mundial feminino e dos Jogos Pan-Americanos de 2019 entre os homens, culpa do péssimo desempenho nas respectivas Copas Américas, já sob a gestão de Guy Peixoto.
Como apelou o COB à "meritocracia" para definir os critérios de repasse de verbas da Lei Agnelo/Piva para o ano que vem, a CBB terá direito a meros R$ 2,07 milhões. O valor é muito perto do menor possível e só fica acima das confederações de esportes de inverno (que partem de um piso 50% menor) e das cinco novas modalidades olímpicas (que partem de um piso 75% menor).
O COB, porém, já deixou claro que vai ajudar a CBB um pouquinho mais. Tanto que aceitou pagar os salários de Alex Petrovic, novo técnico da seleção masculina. Já era assim até o fim do ano passado, com o COB bancando, até seu limite, os salários de Rúben Magnano. Por isso, a CBB foi quem mais recebeu verbas "extras" da Lei Agnelo/Piva em 2016: R$ 1,4 milhão.
Caso receba o mesmo montante em 2018, fechará o ano com R$ 3,5 milhões, apenas. Uma perda de R$ 2,7 milhões que a CBB tenta minimizar. Fontenelle garantiu que o plano da diretoria é abrir mão de usar 20% do repasse de R$ 2,07 milhões em despesas administrativas e investir tudo no esporte. Para isso, porém, a confederação precisa do tal "dinheiro bom".
Por enquanto, ele não existe. O dinheiro de 2017 do patrocínio da Nike, que tem contrato por mais dois ciclos olímpicos, já havia sido todo ele comprometido em 2016. A Spalding tornou-se a nova fornecedora de bolas da CBB, mas só deve começar a efetivamente transferir dinheiro para a confederação em 2019.
Além disso, na quarta-feira a confederação apresentou o ônibus que ganhou da Mercedes-Benz para transportar atletas, mas a montadora também não transferirá recursos para a CBB. O caminhão que vai levar equipamentos para a prática de basquete 3×3 foi doado, em comodato, pela empresa da qual Guy é proprietário.
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