Contra boicote de skatistas, COB reconhece confederação de Bob Burnquist
O martelo foi batido. A Confederação Brasileira de Skate (CBSk) será reconhecida, provavelmente até o fim do ano, como a entidade responsável pela administração da modalidade skate no Brasil. Pode parecer óbvio que deveria ser assim, mas questões políticas vinham falando mais alto até aqui. Tanto é que, em janeiro, foi a Confederação Brasileira de Hóquei e Patins (CBHP) a ser inicialmente reconhecida pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), que agora voltou atrás.
A briga por espaço entre CBSk e CBHP é antiga, mas era irrelevante até o ano passado. Afinal, como as principais competições internacionais de skate são profissionais, os atletas não precisavam ser filiados a nenhuma delas. Também não havia dinheiro público envolvido. Mas a situação mudou de figura quando o skate foi promovido a esporte olímpico.
Por intermédio da Lei Agnelo/Piva, o COB repassa a todas as confederações olímpicas recursos oriundos das loterias federais. O caminho natural seria repassar os recursos à CBSk, criada pelos próprios skatistas. Mas havia um impedimento lógico: a entidade reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) era a Fédération Internationale Roller Sports (FIRS) e a confederação brasileira filiada a ela era a CBHP.
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Os skatistas brasileiros não gostaram nem um pouco da decisão do COB e, publicamente, avisaram que, se não fossem convocados pela CBSk, que é quem entende de skate no Brasil, boicotariam os Jogos Olímpicos de Tóquio, quando a expectativa é de pelos menos três medalhas para os brasileiros. Enquanto isso, a CBHP dizia que cumpriria sua "obrigação estatutária" assumindo o skate no Brasil.
As coisas só começaram a mudar devido a uma jogada no tabuleiro internacional. No mês passado, a FIRS se fundiu a uma das duas federações internacionais de skate, a ISF, e elas criaram a "World Skate", que vai cuidar do skate e da patinação – vale lembrar que, em inglês, patinação é "roller skating".
Recentemente, o COB mandou uma pergunta formal à World Skate pedindo que esta designasse uma confederação para responder pelo skate no Brasil. A entidade disse que cabe ao COB, que conhece melhor o esporte no país, tomar essa decisão. E o COB escolheu a CBSk.
Ajudou na decisão uma jogada inteligente da CBSk. Presidente da entidade desde 2007, Marcelo Santos renunciou ao cargo, para que, aclamado, Bob Burnquist fosse eleito para o seu lugar. Com o maior skatista de todos os tempos à frente dos melhores skatistas do mundo, o COB nem teria como continuar reconhecendo a CBHP e não a CBSk.
Ainda faltam, porém, alguns trâmites burocráticos. A CBSk precisa se filiar à World Skate, o que não deverá ser problema – Bob participou ativamente da criação da entidade internacional – e, depois, se filiar ao COB. Se isso acontecer até 31 de dezembro, a CBSk terá direito a pouco mais de R$ 700 mil da Lei Agnelo/Piva no ano que vem, além de eventuais transferências extras aprovadas por projeto.
A CBSk também se torna membro da assembleia do COB, podendo votar, por exemplo, no novo estatuto, que deve ser colocado em pauta em janeiro – se isso acontecer em dezembro, nem a CBSk nem as outras novas confederações olímpicas participam. Ao mesmo tempo, a CBHP continua reconhecida pelo COB, como responsável pela patinação artística e de velocidade, que são modalidades pan-americanas. A CBHP, porém, não receberá recursos públicos.
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