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Seis meses após doping, ninguém sabe dizer se Murilo está suspenso

Demétrio Vecchioli

23/10/2017 04h00

(Foto: Demétrio Vecchioli)

O SESI ainda jogava a semifinal da Superliga Masculina de Vôlei da temporada passada quando um fiscal bateu à porta da casa de Murilo para que ele realizasse um exame antidoping surpresa. O resultado positivo para furosemida foi noticiado em primeira mão pelo jornal O Globo e, depois, confirmado pelo próprio jogador. A amostra B, aberta no dia 22 de maio, também deu positivo. Desde então, não se sabe se ele foi ou não suspenso pelo tribunal da Federação Internacional de Vôlei (FIVB). Existe o risco de ele já ter sido absolvido, ainda que já esteja entrando no sexto mês de suspensão voluntária.

Procurada pelo blog a entidade internacional, presidida pelo brasileiro Ary Graça, desafeto de Murilo, disse que não faz qualquer declaração sobre os casos que estão no tribunal antidoping e que o sigilo existe para preservar os atletas. E recomendou que a reportagem procurasse o próprio jogador ou para seu advogado. No caso, o especialista Marcelo Franklin, que tem como prática também não comentar processos em andamento.

O próprio Murilo, que concedeu entrevista coletiva quando o doping foi noticiado, contrariando recomendação da defesa, depois não falou mais com a imprensa. Após participar da abertura da amostra B, o ex-ponteiro, que havia decidido passar a jogar como líbero a partir da temporada que começou em agosto, colocou-se voluntariamente em suspensão.

Fez isso para que, quando saísse sua eventual punição, ela começasse a contar já daquele 23 de maio, e não do dia do anúncio da suspensão. De acordo com o SESI, clube que manteve o contrato com Murilo apesar de não poder contar com o astro, o julgamento aconteceu em 5 de julho. Mas ninguém foi informado sobre o resultado. No site do tribunal, não há nenhuma referência ao caso do Murilo.

Em teoria, o jogador, que foi flagrado em exame realizado há mais de seis meses, poderia ter jogado todo o Campeonato Paulista e estar à disposição do SESI para esse início de Superliga. Afinal, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) não foi informada de qualquer suspensão, o que deixa Murilo apto a ser escalado. Questionada sobre o caso, a CBV disse não ter informações e sugeriu ao Olhar Olímpico procurar o SESI.

O clube, aliás, também está perdido. Afinal, paga há seis meses salários para um jogador que não pode nem treinar com o grupo. "Estamos preocupados com o caso. O silêncio dos órgãos responsáveis e mais a falta de informação prejudica. A CBV já entrou em contato com a FIVB sobre o andamento do processo, mas não obteve sucesso. O processo corre em sigilo pelo órgão de controle que é independente", comentou Alexandre Pflug, diretor de esporte do SESI-SP.

"Por conta da punição voluntária, o atleta fica excluído do grupo e não pode treinar. Isso é muito ruim, pois não podemos contar com o jogador que é um atleta exemplar. O SESI espera que a situação seja resolvida o quanto antes para que Murilo possa voltar às quadras defendendo nossas cores ainda nessa Superliga", completa o dirigente. Mesmo sem seu capitão, o SESI venceu as duas primeiras partidas que fez na competição. No Paulista, caiu na semifinal.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.