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Olhar Olímpico

Lista de doping tem recordista sul-americana e campeão do automobilismo

Demétrio Vecchioli

19/10/2017 12h01

Ao realizar seus primeiros julgamentos, o Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJDAD), agora responsável por todos os casos de doping no Brasil, divulgou apenas o tempo de suspensão aplicada, mas não disse a quem. Alegou à época, em agosto, que não poderia ferir o Código Mundial Antidoping nem a legislação brasileira e expor atletas que ainda não haviam sido condenados. Menos de dois meses depois, essa postura mudou da água para o vinho.

Esta semana, sem alarde, a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) publicou em seu site oficial a lista de todos os atletas brasileiros que estão suspensos de forma provisória. E a relação é grande, com 47 nomes, sendo 17 deles do futebol – o blog fez uma matéria especial sobre eles. Chama atenção o fato de haver mais gente aguardando julgamento (47) do que esportistas cumprindo suspensões permanentes aplicadas por autoridades brasileiras (32, apenas).

Entre os 47 casos que só foram tornados públicos agora, destaca-se o da fundista Simone Alves da Silva. Afinal, desde 2009, este é o terceiro caso de doping dela. A ABCD não informou quando ela foi pega desta vez, apenas a substância: EPO. A veterana havia acabado de voltar de cinco anos de suspensão, período que terminou em outubro do ano passado, já após o encerramento da temporada. Em 2017, ela não correu mais do que três vezes antes de ser novamente flagrada.

O primeiro caso de doping de Simone foi em 2009, por oxilofrina, o que a fez ser suspensa por 90 dias. Em 2011, ela pulverizou os recordes sul-americanos dos 5.000m e dos 10.000m, mas foi novamente flagrada no antidoping, com EPO, sendo cortada do Mundial e do Pan. Ela só perdeu o segundo, mas segue com a melhor da história do continente nos 5.000m.

Outros casos – Outro nome relativamente conhecido pego no doping é Giulio Borlenghi, piloto que no mês passado venceu a etapa de Londrina do Brasileiro de Turismo, principal categoria de acesso à Stock Car. O jovem, de 21 anos, caiu no doping pelo diurético hidroclorotiazida.

Milene Wolf, que era o principal nome da canoagem slalom no Brasil até o surgimento de Ana Sátila, foi pega por stanazalol. Helder Quirino D'ávila de Lima, remador do Botafogo, por um combinado de seis substâncias proibidas.

Antonio Xavier Nascimento, veterano do ciclismo, chegou a ganhar etapas da Volta de São Paulo e foi flagrado por betamethasone. Outro ciclista dessa nova leva de suspensões é Elton Pedroso, mais um a apostar na substância proibida preferida dos brasileiros: CERA.

Richele Jordão, terceira colocada no Campeonato Brasileiro de Judô no peso pesado, ano passado, testou positivo para methandienone. Erick Rodrigues Camilo, pivô titular do Macaé no Novo Basquete Brasil (NBB), foi pego com o princípio ativo da maconha. Do handebol vêm três casos de doping, todos de jogadores pouco conhecidos: Cristiano Saben Rosa, Clebson de Oliveira Melo e Rildo Ricardo Santos Rocha Filho.

Os outros casos são de modalidades não olímpicas, como canoagem oceânica e canoagem descida, luta de braço e  powerlifting.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.