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Olhar Olímpico

CBB ataca exigências 'absurdas' da Fiba e pode ser suspensa de novo

Demétrio Vecchioli

12/09/2017 16h17

(reprodução)

O pesadelo do basquete brasileiro ainda não acabou. Em audiência pública na Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados nesta terça-feira, o presidente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), Guy Peixoto, admitiu que a entidade não cumpriu uma das exigências feitas pela Federação Internacional de Basquete (Fiba) para revogar a suspensão anteriormente imposta. Com isso, existe o risco de a seleção brasileira ser novamente impedida de jogar, agora a dois meses da primeira rodada das Eliminatórias para o próximo Mundial.

"Conseguimos o fim da suspensão, mas tive que assinar compromissos absurdos. Compromissos tipo ter patrocinador de xis milhões de reais em dois meses. Tinha até o dia 30 de agosto e não consegui cumprir. Hoje tem um auditor da Fiba na Confederação, vai ficar mais um dias lá. Não sei o que vai acontecer, se vão voltar a suspender, mas não acredito que tenham coragem", disse Guy.

O presidente da CBB atacou a Fiba: "Conversei com vários presidentes de confederação e o que eles estão fazendo para liberar o basquete brasileiro é absurdo". Ainda de acordo com a diretoria que está prestes a completar seis meses à frente da CBB, cerca de 90% das exigências feitas pela Fiba foram atendidas.

Em 21 de junho, o secretário-geral da CBB, Carlos Fontenelle, esteve reunido com a Fiba na sede da entidade, na Suíça, e saiu de lá com a notícia de que a suspensão estava revogada. A CBB informou isso à imprensa e só no dia seguinte é que a Fiba explicou que não era bem assim. A revogação era provisória e valia por apenas dois meses, nos quais a CBB teria que cumprir uma série de exigências, sem detalhar quais.

Com essa brecha, as seleções brasileiras foram autorizadas a jogar a Copa América, dando vexame. A feminina não conseguiu vaga no Mundial, enquanto a masculina, eliminada na primeira fase, vai ficar fora da próxima edição dos Jogos Pan-Americanos. Guy disse que isso já era esperado. "O resultado não poderia ser outro. Nossos atletas foram guerreiros nas quadras. Esperamos daqui para frente nos prepararmos com mais antecedência."

O presidente da CBB ainda afirmou que pretende anunciar um patrocinador master até o próximo dia 30, sem revelar qual. Na segunda-feira, Fontenelle atendeu o blog e revelou que a entidade negocia com Caixa (que costuma demorar a assinar contratos), Eletrobras (que tem diversas pendências jurídicas para resolver com a CBB) e Bradesco. "Temos várias promessas de patrocinadores, casos até que eu consigo fechar esse mês", garantiu Guy.

Durante a audiência pública, que contou com representantes do COB, de federações estaduais e das ligas masculina e feminina, mas que teve a ausência do ex-presidente Carlos Nunes, também convidado, Guy disse que cortou a folha salarial da entidade de R$ 250 mil para algo entre R$ 80 mil e R$ 100 mil, admitindo que cinco executivos estão trabalhando de graça por enquanto (em média, as confederações pagam entre R$ 20 e R$ 35 mil para cargos deste nível, segundo pesquisa do COB).

Ele também confirmou que o primeiro jogo das Eliminatórias em casa, dia 24 de novembro, contra o Chile, será disputado no Ginásio Guilherme Paraense, em Belém. Guy Peixoto é paraense, assim como o deputado responsável pelo convite, Arnaldo Jordy, que elogiou a escolha.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.