Corintiano que estava na Ferroviária é um dos 14 pegos no antidoping
Rafael Castro, zagueiro de 20 anos que está entre os profissionais do Corinthians, mas não treina com o elenco de Fabio Carille, é um dos 14 jogadores pegos no exame antidoping que não tiveram seus nomes revelados pelas autoridades competentes, situação revelada neste sábado pelo blog Olhar Olímpico. O jogador testou positivo para um tipo de diurético no Paulistão deste ano, quando atuava emprestado à Ferroviária. O clube do Parque São Jorge presta auxílio jurídico ao jogador e diz ter ciência do caso, mas não vai se manifestar porque a infração foi cometida quando ele atuava por uma outra equipe.
O zagueiro é um dos 14 jogadores pegos no exame antidoping que aguardam uma definição. Como mostrou a reportagem, oito dos 14 atletas flagrados foram suspensos preventivamente, quatro não tiveram seus casos avaliados pelo tribunal responsável e dois foram autorizados a seguir atuando até o julgamento definitivo. Até a última sexta, no entanto, a CBF não havia sido notificada oficialmente sobre nenhum desses casos, o que na prática permite que eles possam seguir atuando sob o argumento de "não terem ciência" das punições.
Dos 14 jogadores com resultados analíticos adversos do futebol brasileiro em 2017, oito são ligados à FPF (Federação Paulista de Futebol), que ainda não recebeu comunicado de suspensão provisória de nenhum deles. O TJDAD (Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem) diz que já suspendeu oito desses 14 atletas, sem dizer quem são eles.
Durante a realização das Séries A1, A2 e A3 do Campeonato Paulista, foram detectados resultados analíticos adversos para os seguintes jogadores: Gabriel Barbato (Batatais), Bruno Bertucci (Atibaia, ex-Corinthians), Reniê (Santo André), Magno Alves (Linense), Daniel Simões (Catanduvense), Jorge Mauá (Juventus, duas vezes), Marcus Vinicius dos Santos Rosa (São José FC) e Rafael Castro (Ferroviária, hoje no Corinthians).
Em todos os casos, os exames antidoping foram realizados pela FPF até o início de abril. Gabriel, Bertucci e Reniê chegaram a ser provisoriamente suspensos por 30 dias pelo TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) da FPF, mas o processo deles nem chegou a ser instaurado no órgão. Todos os oito casos foram remetidos ao TJDAD, que passou a funcionar efetivamente em 9 de maio.
Desde então, o TJDAD não informou à comissão disciplinar da FPF a respeito da suspensão de nenhum atleta. Na prática, isso significa que, seis meses depois de serem flagrados em exame antidoping, todos seguem livres para jogar. O jovem Gabriel, por exemplo, foi relacionado para duelo do Assisense contra o Osvaldo Cruz pelo Paulista Sub-20 no fim de semana passado.
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) tampouco recebeu notificações, o que já tem incomodado a entidade. Há cerca de 20 dias, Jorge Pagura, responsável por toda a área médica da CBF, se reuniu com o ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), e cobrou providências. No dia seguinte, por recomendação do ministro, Pagura enviou um documento detalhando o problema para o CNE (Conselho Nacional do Esporte). Depois, ainda se encontrou o presidente do TJDAD, Luciano Hostins, que prometeu agilizar o processo.
As informações, porém, têm ficado paradas na minúscula estrutura da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem). "Isso é inadequado. Se o atleta foi flagrado no doping, existem elementos para aplicar a suspensão e ele não está sendo suspenso, isso é preocupante. A gente precisa encontrar uma solução. O problema é infraestrutura. A ABCD não tem estrutura, então demora. O que entra no tribunal é rapidamente analisado", comenta Hostins.
O Ministério do Esporte foi questionado para comentar as reclamações, mas disse apenas que "os processos ainda não repassados ao TJDAD estão em fase de gestão de resultado e correm sob sigilo". Anteriormente, a pasta informou que os 14 jogadores do futebol brasileiro flagrados em exames antidoping em 2017 estavam suspensos e que a CBF havia sido notificada. "Os jogadores estão suspensos e os nomes foram repassados à CBF e às respectivas entidades desportivas dos jogadores a quem cabe o controle de sua atuação", disse o governo ao blog. A informação foi desmentida pela confederação.
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