Com 5 medalhas em Mundial, judô brasileiro retoma status de potência
A análise fria do quadro de medalhas do Mundial de Judô, encerrado domingo em Budapeste, indica que o Brasil reassumiu seu posto entre as potências da modalidade. Um sentimento que ganha força quando se leva em conta também as especificidades da competição. Nada menos que seis brasileiras foram derrotadas por rivais que viriam a ser campeãs (em quatro ocasiões) ou vice (em duas). Ou seja: se não fosse o azar no sorteio, a campanha poderia ter sido ainda melhor.
Pela primeira vez o Mundial teve a disputa da competição mista por equipes, novidade que também estará presente em Tóquio-2020. Cabeça de chave, o Brasil passou tranquilo por Polônia e China até a semifinal e, na sequência, venceu a Rússia. Só foi parar no Japão, rival praticamente imbatível, faturando a medalha de prata no domingo.
O Japão, como de costume, sobrou no Mundial como um todo, faturando 13 medalhas, sendo oito de ouro, em um desempenho muito melhor do que a Rio-2016, quando foi ao pódio 12 vezes, mas só faturou três medalhas douradas.
Mas, tirando os japoneses, o Brasil não ficou devendo para ninguém na competição. Fechou o Mundial com cinco medalhas, abaixo também da Mongólia (que faturou seis), mas à frente dela no número no quadro por ouros. Neste ranking, perdeu da França, que faturou duas douradas. Em número de finais, porém, o judô brasileiro só ficou abaixo do japonês.
Como admitiu o gestor de alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), é um desempenho que dá moral. "Isso aumenta muito a autoconfiança de toda a equipe, o que é fundamental num início de ciclo olímpico para que a gente possa construir ao longo dos próximos três anos um trabalho que nos permita fazer um resultado semelhante em Tóquio", falou Ney Wilson ao site da entidade.
O ouro de Rafaela Silva na Rio-2016 não escondeu que a campanha do judô brasileiro em casa, com só três medalhas, foi ruim, ainda mais para quem prometia ser o carro-chefe da delegação. A modalidade perdeu um patrocinador de peso, a Petrobras, e ainda viu Sarah Menezes subir para a mesma categoria que Érika Miranda, o que reduz as chances de medalha na Olimpíada, já que só uma delas poderá ir.
Mas esse cenário de baixa foi revertido pelas conquistas da própria Érika (bronze), de Mayra Aguiar (primeira mulher brasileira bicampeã), de David Moura (prata) e Rafael Silva (bronze). É verdade que, no caso dos dois pesos pesados, também só um poderá ir a Tóquio, mas já foi assim também na Rio-2016 e Baby não decepcionou.
Para a equipe feminina, a competição foi atípica. A novata Stephanie Arissa, Sarah Menezes, Maria Portela e Maria Suelen Altheman, todas candidatas ao pódio, foram eliminadas antes de brigar por medalha porque enfrentaram cedo as futuras campeãs. Ainda que não ganhassem o ouro, fica sempre a sensação de que poderiam, com uma chave diferente, lutar por prata ou bronze. E o mesmo vale para Samanta Soares, eliminada pela vice-campeã.
O problema está no masculino. Exceto os pesados, a campanha foi ruim e não há nem a desculpa do sorteio, porque absolutamente todos os algozes dos brasileiros quando muito terminaram na quinta colocação. A geração de Charles Chibana (27 anos), Eric Takabatake (26), Victor Penalber (27) e Marcelo Contini (28) não entregou o que prometia (só Penalber tem uma Medalha de Mundial no currículo), enquanto que a geração de Tiago Camilo, Leandro Guilheiro e Luciano Corrêa acabou – Luciano ainda foi ao Mundial, mas perdeu na estreia.
Talvez seja o momento de a CBJ acelerar o processo de chegada de um pessoal mais jovem, com nomes como Rafael Macedo, Daniel Cargnin, Leonardo Gonçalves e Lincoln Neves, todos medalhistas em Mundiais Sub-21. Para Budapeste, o único garoto convocado foi Eduardo Yudi, que não foi longe.
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