Topo

Olhar Olímpico

Mayra Aguiar luta por final de Mundial, mas você não poderá ver na TV

Demétrio Vecchioli

01/09/2017 09h41

Mayra Aguiar pode se tornar nesta sexta-feira a segunda judoca brasileira bicampeã mundial – a primeira mulher -, mas você não poderá assistir a esse momento histórico na sua televisão, nem se for assinante de TV a cabo. É que nenhuma das cinco emissoras fechadas dedicadas exclusivamente ao esporte adquiriu os direitos de transmissão do Mundial de Judô, que está sendo disputado em Budapeste, na Hungria. Para acompanhá-lo, a partir das 11h, só recorrendo ao Youtube, com transmissão em inglês.

O cenário é novo. O Mundial de 2015, por exemplo, foi transmitido simultaneamente por quatro desses canais: SporTV, Esporte Interativo, ESPN e BandSports. Só a a Fox Sports ficou fora do pool, liderado pelo Esporte Interativo, que repassava os direitos à ESPN, que por sua vez repassava ao SporTV e à Bandsports.

Um modelo de negócio complexo que não pôde ser repetido em 2017 por conta do preço cobrado pela Federação Internacional de Judô (IJF, na sigla em inglês). "Os preços (direitos, satélite, horários, rating, etc) estavam proibitivos agora, não apenas para a ESPN, mas para todo mundo", explicou a ESPN ao Olhar Olímpico.

Já o SporTV, que transmitiu os Mundiais de Atletismo, Natação e Canoagem Velocidade em sequência (todos com medalha para o Brasil), também que tinha interesse em comprar também os direitos da competição de judô. "Esse ano não chegamos a um acordo com a IJF para essa competição", pontuou o canal, sem entrar em detalhes, e reforçando que transmite os principais eventos da Confederação Brasileira de Judô (CBJ).

O blog apurou, porém, que os valores pedidos pela IJF eram muito acima do usual. Mais caros, por exemplo, do que o Mundial de Esportes Aquáticos, que teve a disputa de seis modalidades, durante mais de duas semanas, e cujas finais eram atrativas mesmo sem conter atletas brasileiros.

No caso do judô, só nesta sexta-feira teremos um brasileiro na semifinal. É Mayra Aguiar, que venceu Klara Apotekar (Eslovênia), Bernadette Graf (Áustria) e a francesa Audrey Tcheumeo, sua algoz na Rio-2016, sempre por ippon – esta última, aliás, ainda tomou dois wazaris.

Na semifinal, Mayra encara a japonesa Ruika Sato. Aliás, este é o problema. Ainda que já tenha vencido a rival duas vezes, as japonesas são as pedras no sapato do Brasil em Budapeste. Stephannie Arissa, Sarah Menezes e Érika Miranda já haviam perdido para atletas do Japão e, nesta sexta, Samanta Soares e Maria Portela fizeram o mesmo.

Samanta, também da categoria de Mayra, foi derrotada na estreia por Mami Umeki, que está na outra semifinal contra a holandesa Marhinde Verkerk. Já Maria Portela, da categoria até 70kg, venceu duas lutas, contra a sul-coreana Hye Jin Jeong e a britânica Gemma Howell, mas parou nas quartas de final contra Chizuru Arai. Ela ainda volta a lutar a tarde, contra a espanhola Maria Bernabeu, na repescagem. Se vencer, vai à disputa pelo bronze.

Por enquanto, o Japão está fazendo a festa no Mundial e não é só contra o Brasil. Nas seis categorias mais leves (três masculinas e três femininas), ganhou cinco de ouro, duas de prata e uma de bronze. Só ontem, já nas categorias médias, é que os japoneses não foram ao pódio.

Nesta sexta, estão sendo disputadas duas categorias femininas (assim como amanhã haverá duas masculinas), para que as chaves individuais acabem no sábado e no domingo haja a disputa mista por equipes, que agora é olímpica. O Brasil não teve representantes entre os homens hoje, porque não enviou atletas da categoria até 90kg. Tiago Camilo já não tem os resultados de antes e ninguém mostrou até agora qualidade suficiente para substituí-lo.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.