Topo

Olhar Olímpico

Érika e Sarah mantêm sina contra japonesas, mas Érika ainda tenta o bronze

Demétrio Vecchioli

29/08/2017 09h12

O filme é antigo. Brasileiras fazem boas campanhas e param nas japonesas. Está sendo assim de novo no Mundial de Judô de Budapeste. Nesta terça-feira, tanto Érika Miranda quanto Sarah Menezes foram derrotadas por rivais do Japão, ainda que Érika ainda tenha chances de medalha – ela estará na repescagem, à tarde, na busca pelo bronze. Charles Chibana também já deu adeus à competição.

Érika Miranda é quem mais sofre com esse cenário. Medalhista nos últimos três Mundiais, a atleta do Sogipa, de Porto Alegre, bateu Tinka Easton, da Austrália, e Agata Perenc, da Polônia, para avançar às quartas de final. Ali, foi até o Golden Score contra Natsumi Tsunoda, quando foi batida após 6 minutos e meio de uma luta desgastante.

Foi a segunda derrota no ano (e na carreira) para Tsunoda, mas Érika também tem péssimo retrospecto contra japonesas. Desde 2009 (quando o banco de dados Judô Base começou sua série), foram 17 derrotas e só duas vitórias contra japonesas, incluindo duas doloridas contra Nakamura: na disputa do bronze olímpico no Rio e na semi do último Mundial.

Na busca pelo bronze em Budapeste, Érika volta ao tatame para encarar Distria Krasniqi, de Kozovo – as duas já enfrentaram uma vez, com vitória da rival. Se vencer, vai, aí sim, para a luta pela medalha.

Sarah Menezes também não tem bom retrospecto contra japonesas – longe disso. Na categoria até 48kg, no mesmo período, ela teve 16 derrotas e venceu seis vezes em que enfrentou japonesas. Agora em uma categoria acima, até 52kg, não foi diferente. A piauiense estreou com vitoria contra a alemã Nieke Nordmeyer, mas foi eliminada por ippon pela promissora Ai Shishime, japonesa de 23 anos.

De qualquer forma, era baixa a expectativa por um bom resultado para Sarah nesta sua primeira temporada na nova categoria, lutando contra atletas mais fortes do que ela estava acostumada. Ela só foi convocada porque uma vaga foi aberta com a lesão de Mariana Silva, atleta de outra categoria, e a CBJ furou a final para Sarah, uma vez que a campeã olímpica é só a terceira brasileira no ranking da categoria, atrás de Jéssica Pereira.

Já Charles Chibana (até 66kg) voltou a fazer campanha decepcionante. Ele estreou vencendo Azabat Mukanov, do Cazaquistão, mas foi derrotado no Golden Score por Kilian Le Blouch, da França, que é apenas o número 60 do ranking mundial. Apesar de ter bons resultados no Circuito Mundial, ele vinha de derrotas na estreia no Mundial passado, em 2015, e nos Jogos do Rio, sempre para rivais menos cotados.

Na segunda, o Brasil já havia feito campanha ruim. Stephanie Arissa, estreante em Mundiais, deu azar no sorteio da chave e foi batida na segunda rodada pela japonesa Funa Tonaki, que viria a ser campeã mundial. Tonaki e Arissa são colegas de treino em uma faculdade no Japão, onde a brasileira nasceu e foi criada – ela é filha de pais brasileiros imigrantes.

Entre os homens, Eric Takabatake perdeu de um rival do Cazaquistão e Phelipe Pelim para um adversário do Uzbequistão. Nenhum dos dois rivais chegou ao pódio.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.