Agora nos EUA, Ricardo diz que só para após jogar com filho
Por mais duas décadas, as areias brasileiras viram Ricardo se tornar referência no vôlei de praia. Aos 42 anos, porém, o dono de três medalhas olímpicas, ainda busca por valorização. E ele encontrou isso muito longe do sol do Rio, de Salvador ou de João Pessoa. Desde o ano passado, o veterano, baiano radicado na Paraíba, está vivendo em Orlando, nos Estados Unidos, onde se tornou diretor de um clube e passou a experimentar uma experiência inédita: formar dupla com atletas que não brasileiros.
"Resolvi vir morar nos EUA no final de 2016 , com o projeto de poder competir o circuito americano. É impressionante a valorização que os americanos mostram aos atletas. Aqui, mesmo sendo brasileiro e jogando contra times americanos, muitos torcem por mim", contou Ricardo, em entrevista exclusiva ao Olhar Olímpico.
O bloqueador é o jogador mais longevo do vôlei de praia brasileiro. Sua primeira participação no Circuito Mundial de Vôlei de Praia data de 1995, antes mesmo de a modalidade estrear no programa dos Jogos Olímpicos. Em dezembro de 1997, ele passou a "rodar" o circuito de forma contínua, o que fez até o fim do ano passado. Em 2017, só jogou um torneio, em Fort Lauderdale, exatamente nos Estados Unidos. A parada foi proposital.
É que, na tentativa de tirar seu Green Card (visto permanente de residência nos EUA), Ricardo não poderia deixar o país. "Eu tenho direito ao Green Card por ser um atleta olímpico, mas para isso precisava ficar nos EUA. Então nem tentei ir ao Mundial", explica o jogador, que, pela primeira vez desde 1997, não disputou o Mundial de Vôlei de Praia e viu seu último parceiro, André Stein, conquistar em Viena o improvável título em parceria com Evandro.
Em Orlando, Ricardo firmou parceria com o maior clube de vôlei da Flórida, o OTVA, onde se tornou diretor de vôlei de praia. "Também sou técnico de alguns jovens atletas. Começamos há pouco tempo e já temos 60 atletas de 11 a 18 anos. Está sendo um grande aprendizado", conta.
Longe do Brasil, Ricardo teve que se virar para achar um novo parceiro. Só em junho veio a autorização para começar a jogar a liga norte-americana, a AVP, e, como esperado, o sucesso foi imediato. Logo no primeiro torneio, com o canadense Chaim Schalk, Ricardo saiu do qualifying para ganhar o bronze. Até agora, já são cinco eventos, os três últimos com o campeão olímpico de Pequim-2008 Reid Priddy, norte-americano, e três pódios, sempre em terceiro lugar.
Ainda que tenha se mudado com quase toda a família para os EUA, Ricardo admite que não tem como deixar o Brasil, onde também tem negócios. Ainda mais importante do que isso, deixou para trás o filho Pedro, de 20 anos, que também é jogador de vôlei de praia. O veterano não quer se aposentar antes de realizar o sonho de formar dupla com o pupilo, a quem venceu em sua última competição no Brasil, em dezembro passado.
"Pretendo parar de jogar ao lado de meu filho, porém sem precisão de data. A gente costumava treinar juntos, mas não conseguimos mais desde que eu vim para os EUA. Eu teno ajudá-lo quando eu posso, mas eu não quero dizer o que ele tem que fazer da vida dele. Como eu sou um jogador que conhece o mundo todo, já existe muita pressão sobre ele. Eu não quero colocar ainda mais pressão. Meu filho que tem que decidir se ele quer ser um jogador de vôlei", garante.
Ao que tudo indica, porém, Pedro vai seguir os passos do pai. Na edição passada do Circuito Brasileiro, foi o 22º atleta a somar mais pontos. Ficou abaixo de Ricardo, que foi sétimo apesar de não disputar as últimas quatro etapas. Foi embora para os Estados Unidos logo após a vitória sobre o filho em São José (SC). Não deverá a demorar, porém, para eles estarem no mesmo lado da quadra.
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