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Olhar Olímpico

Conheça o brasileiro que virou o mais jovem campeão mundial do vôlei de praia

Demétrio Vecchioli

07/08/2017 04h00

Divulgação/FIVB

Mesmo os fãs mais chegados ao vôlei de praia provavelmente não reconhecem na rua o mais novo campeão mundial de vôlei de praia. Mais novo em idade (apenas 22 anos) e também na linha cronológica. O jovem na foto aí de cima é André Loyola Stein, o desconhecido brasileiro que, no domingo, jogando ao lado de Evandro, colocou seu nome na história da modalidade mais vitoriosa do esporte brasileiro.

André pode ser um rosto novo, um nome novo, mas tem uma história "repetida". Afinal, ele é mais um dos jogadores revelados por Leandro Brachola. Das mãos do mesmo treinador, sempre nas praias do Espírito Santo, surgiram José Loiola (campeão mundial em 1999), Fábio Luiz (2005), Alison (em 2011 e 2015) e Bruno Schmidt (2015). Das 11 edições do Mundial, só em quatro não havia nenhum finalista formado por Brachola, eleito o técnico do ano em 2015 pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB).

"Desde quando comecei, o Brachola sempre me incentivava a viajar, correr o Circuito Brasileiro, jogar qualifying. Já comecei correndo o circuito adulto. Pela experiência que ele tem, ele já sabia que seria melhor do que ficar só na base", diz André, campeão mundial aos 22 anos neste domingo e que fará 23 daqui a duas semanas.

A experiência deu certo e, ainda treinado por Brachola, que já era técnico dos depois campeões olímpicos Alison e Bruno Schmidt, André foi eleito o jogador que mais evoluiu no Circuito Brasileiro na temporada 2015/16, quando teve como parceiro Oscar. Não à toa, chamou a atenção do veterano Ricardo, que o convidou para ser seu parceiro quando Emanuel anunciou aposentadoria.

O time demorou a engrenar e chegou ao fim quando Ricardo decidiu ir morar nos Estados Unidos para tentar o Green Card, na virada do ano. Evandro estava sem dupla, depois do fim da dupla com Pedro Solberg, e o convidou para jogar. André topou e se mudou de mala e cuia para o Rio de Janeiro.

"O Evandro é só quatro anos mais velho, mas já tem uma bagagem muito grande. Ele já vinha com uma bagagem bem legal, o que me ajudou bastante. A gente se encaixou muito bem como dupla, encontrou esse equilíbrio. Nos momentos em que ele via que eu estava ansioso, meio acelerado, ele vinha e dava um toque. O nosso segredo é a comunicação dentro da quadra", diz André.

Apesar do início com prata em Fort Lauderdale (EUA), primeira etapa da temporada, não dava para dizer que a dupla foi bem no Circuito Mundial. Nas etapas mais importantes, preparatórias para o Mundial, foram três eliminações nas oitavas de final, duas antes disso, e um quarto lugar. Não à toa, eles não chegaram a Viena como favoritos. Longe disso. Mesmo entre os brasileiros, eram a quarta (e última) dupla mais cotada a uma medalha.

"O título não era um objetivo da nossa equipe nesse Mundial, algo que a gente imaginava que fosse palpável. A gente é uma dupla nova, com menos experiência, e sabe que ainda tem muito para evoluir. Acho que o fato de a gente pensar jogo a jogo fez a diferença para alcançarmos esse título precoce. A gente não esperava tanto. Pelos nossos planos a gente colheria os frutos mais pra frente só", admite André.

Chama atenção o fato de tanto André, de 2,01m, quando Evandro, de 2,10m, serem bloqueadores. No vôlei de praia, vale explicar, há dois tipos de atletas: os bloqueadores (normalmente mais altos) e os passadores (mais ágeis e, normalmente, mais baixos). Essa divisão sempre foi clara (vide Alison e Bruno), mas tem sido deixada de lado em várias duplas, como na dos atuais campeões mundiais.

Méritos, neste caso, de Ednilson Costa, treinador que já vinha acompanhando Evandro há alguns anos e inclusive comandou o time que o gigante do vôlei de praia brasileiro formou com Pedro Solberg e que foi bronze no Mundial de 2015.

Foto: Divulgação/FIVB

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.