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Olhar Olímpico

Equatoriano chega 2min depois de Mo Farah e é aplaudido de pé no Estádio Olímpico

Demétrio Vecchioli

04/08/2017 18h38

Para não deixar de ganhar sua última prova de 10.000m da carreira, diante de mais de 50 mil torcedores, em casa, Mo Farah puxou um ritmo alucinante no Mundial de Atletismo, nesta sexta-feira, em Londres. Nem todo mundo conseguiu acompanhar, claro. Que o diga o equatoriano Bayron Piedra, que na terceira volta já estava completamente fora do pelotão. Depois de 6 mil metros, já havia se tornado um retardatário.

"Não imaginava que isso fosse acontecer. Eles passaram no quilometro três em 8min11s. Perdi muito contato e tive que correr sozinho, acabei me desmotivando. É difícil correr sem ninguém que te ajude a ditar o ritmo. Você fica sozinho na pista", disse Piedra, de 34 anos, ao Olhar Olímpico.

Atleta olímpico em 2004 nos 400m e em 2008 nos 1.500m, ele tem se dedicado a provas mais longas. Na Olimpíada, conquistou um importante 18º lugar na maratona. Este ano, a vaga para o Mundial veio depois de ele ganhar o Campeonato Sul-Americano, em Assunção, que classificava seus campeões para Londres.

Na final desta sexta-feira, a primeira do Mundial, ele era o único atleta sul-americano. Além dele, havia ainda dois corredores da Oceania (um da Nova Zelândia, outro da Austrália) e, de resto, absolutamente todos os rivais são nascidos na África, mesmo os que competiram por EUA, Bahrein, Canadá, Turquia e Grã-Bretanha.

O próprio Mo Farah é, originalmente, da Somália. Mas, depois de se naturalizar britânico, ganhou os fãs e também um título de Sir. Nesta sexta, fez a melhor marca da temporada para ganhar a prova em 26min49s51. Dos atletas que o seguiram no Top 10, seis fizeram o melhor da carreira.

Mas Piedra não conseguiu sequer se aproximar do que melhor sabe fazer. Enquanto os primeiros completavam, ele estava no começo da sua penúltima volta. Quando encerrou a prova, todo mundo já estava até descansado. O público reconheceu o esforço e o aplaudiu de pé. "A Europa tem uma cultura muito bonita no esporte. É diferente da América do Sul. As pessoas são muito afetuosa, fazem uma grande festa", comentou.

Piedra, com 28min50s72, nem foi o último da prova, mas porque o australiano Patrick Tiernan desistiu nas últimas duas voltas e passou a apenas trotar. De qualquer forma, equatoriano disse que veio ao Mundial só para ganhar velocidade para correr a Maratona de Nova York.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.