De “novo Phelps” a velha conhecida italiana, veja quem brilhou no Mundial de natação
Pela primeira vez neste século, um Campeonato Mundial de Natação não teve nem Michael Phelps nem Ryan Lochte, seus dois maiores medalhistas de todos os tempos. A ausência dos dois astros, porém, foi compensada por um nível técnico alto, ainda melhor da Rio-2016, com novos recordes mundiais em oito provas. Alguns nomes, claro, se destacaram, e eles estão todas nessa lista feita pelo Olhar Olímpico.
Aos 23 anos, Sarah Sjöström está longe de ser uma "carinha nova" na natação. Basta lembrar que seu primeiro título mundial foi conquistado em 2009, aos 15 anos – aos 14, já era campeã europeia. Mas, em Budapeste, ela mostrou estar na melhor fase da carreira. Não exatamente pelo número de medalhas (quatro, contra cinco de Kazan), mas pelos tempos obtidos. A sueca bateu os recordes mundiais dos 100m livre (51s71, na abertura do revezamento) e dos 50m livre (23s67). Nos 50m borboleta, fez a segunda melhor marca da história e, nos 100m borboleta, a segunda e terceira. Nas duas provas, ela só não é recordista mundial, como dona de, pelo menos, as 13 melhores marcas de todos os tempos. A decepção foi a prata nos 100m livre, atrás da norte-americana Simone Manuel.
Kylie Masse não era cotada como favorita quando conquistou a medalha de bronze na Rio-2016 nos 100m costas. Em um ano, evoluiu assustadoramente, para, em Budapeste, aos 21 anos, bater o recorde mundial da prova, com 58s10. Considerando também a seletiva canadense e o que fez nas eliminatórias do Mundial, ela é dona de quatro das seis melhores atuações da história.

Kylie Masse comemora recorde e vitória nos 100m costa (Martin Bureau/AFP)
Campeã olímpica dos 100m peito, a norte-americana Lilly King chegou a Budapeste envolvida em uma das maiores rivalidades da atualidade – na Rio-2016, King trocou farpas com a russa Efimova, acusando-a de doping. No esperado tira-teima, a jovem de 20 anos não só ganhou duas de ouro como "estraçalhou" o recorde mundial dos 100m peito 1min04s13 e repetiu o feito nos 50 metros. Antiga recordista das duas provas, a lituana Ruta Meilutyte amargou dois quartos lugares.

Lilly King comemora recorde nos 50m peito (Petr David Josek/AP)
Quem surpreendentemente deixou Budapeste sem nenhum novo recorde mundial foi Katie Ledecky. A maior estrela da natação mundial fez um Mundial bem abaixo do esperado – porque se esperava muito dela. Ganhou os 400m, os 800m e os 1.500m livre, sempre com boa folga, mas passou longe de melhorar seus recordes mundiais. Nos 200m livre, até fez o melhor tempo da competição, mas na semifinal, e perdeu o ouro para a veterana italiana Federica Pellegrini. Como só nadou os revezamentos 4x100m e 4x200m livre, parou nas cinco medalhas douradas.

Katie Ledecky comemora resultado dos 800m livre (Christophe Simon/AFP)
Tão favorito em suas provas quanto Katie Ledecky, só Adam Peaty. Em Budapeste, ele provou que não há nenhuma condição de alguém desafiá-lo tanto nos 50m, quanto nos 100m peito. Na prova mais curta, o britânico, de 22 anos, fez os três melhores tempos da história e bateu o recorde mundial: 25s95. Nos 100m peito, não foi tão longe. Não bateu o resultado incrível da Rio-2016, mas fez o segundo e terceiro melhores tempos da história e ainda ajudou o revezamento britânico no 4x100m medley.

Adam Peaty comemora vitória nos 50m peito (Michael Dalder/Reuters)
Maior ídolo da natação chinesa, responsável por atrair uma multidão de jornalistas para Budapeste, Sun Yang não decepcionou. Pelo quarto Mundial seguido, volta para casa com duas medalhas (ou mais) medalhas. Desta vez, ganhou bem tanto os 200m livre quanto os 400m livre. O chinês só decepcionou nos 800m, terminando em quinto. Ele defendia o tricampeonato mundial consecutivo.

Sun Yang celebra vitória nos 200m livre (Michael Sohn/AP)
Mais procurada do que Yang, apenas Katinka Hosszu. Competindo em casa e em briga aberta contra a Federação Internacional de Natação (Fina) por conta da mudança de formato da Copa do Mundo, circuito no qual era soberana, a Dama de Ferro fez lotar a Duna Arena sempre que competia. Ela não decepcionou e ganhou quatro medalhas: dois ouros nos 200m e 400m medley, além de uma prata (200m costas) e um bronze (200m borboleta). Ao se despedir do Mundial, com o tricampeonato e recorde do campeonato nos 200m medley, foi ovacionada de pé enquanto dava uma volta olímpica na piscina.

Katinka Hosszu comemora vitória nos 400m medley (Michael Dalder/Reuters)
Em número de medalhas, ninguém fez tanto quanto Caeleb Dressel. Nem de forma tão impressionante. Ele se tornou o primeiro nadador a ganhar três medalhas de ouro em um dia só, sábado, quando fez as melhores marcas do mundo sem os trajes tecnológicos tanto nos 50m livre quanto nos 100m borboleta (ficou a 0s04 do recorde mundial de Michael Phelps). Ele também bateu o recorde norte-americano dos 100m livre e dois recordes mundiais em revezamentos mistos, ganhando quatro ouros em revezamentos. Das oito provas que nadou, só não ganhou os 50m borboleta – mas bateu recorde nacional. Fez um Mundial impecável.

Caeleb Dressel comemora vitória nos 50m livre (Xinhua/Ding Xu)
Outro que se aproximou de Michael Phelps foi Chase Kalisz. O norte-americano de 23 anos aproveitou a ausência tanto de Phelps quando de Ryan Lochte para vencer tanto os 200m quanto os 400m medley. Quer dizer, Lochte e Phelps que se deram bem de não terem que encarar Kalisz, que fez o segundo melhor tempo da história nos 400m medley. Ao que tudo indica, as provas de medley têm um novo dono.

Chase Kalisz comemora vitória na final dos 400m medley (Ferenc Isza/AFP)
Simone Manuel foi sensação não só pelo ouro nos 100m livre e em outros quatro revezamentos, mas pelo significado desse resultado para a história. Afinal, a americana de 20 anos quebrou uma barreira história se tornando a segunda mulher negra a ganhar uma medalha de ouro em prova individual nos Mundiais de Natação – a brasileira Etiene Medeiros quebrou o tabu um dia antes. Ainda ajudou os EUA a ganhar os dois revezamentos mistos (com recorde mundial em ambos) e a bater o recorde mundial do 4x100m medley. Deixa Budapeste com cinco medalhas de ouro (só uma individual) e um bronze.

Simone Manuel após a final dos 100m livre (Christophe Simon/AFP)
Para encerrar, um plus. Porque não há como não listar Federica Pellegrini. Amada pelos italianos, a nadadora de 29 anos deu a volta por cima após ficar fora do pódio da Olimpíada do Rio para ganhar os 200m livre em Budapeste, superando a favorita Katie Ledecky. Prata na prova em Atenas-2004, ela mostrou que a natação não é só das "novinhas". Depois do ouro, porém, anunciou que não nada mais os 200m livre.

Federica Pelegrino comemora vitória nos 200m livre (Stefan Wermuth/Reuters)
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