A natação tem um novo astro e ele quer estragar a festa de Cielo e Fratus

(Xinhua/Ding Xu)
Como diz o dito popular: "Rei morto, rei posto". Sem Michael Phelps , que se aposentou, a natação masculina já tem um novo astro, também norte-americano: Caeleb Dressel. Por enquanto, ele já ganhou três medalhas de ouro no Mundial de Budapeste e caminha para tentar chegar a sete, igualando exatamente um feito de Phelps. No caminho para a história, precisa estragar os planos de dois brasileiros: Cesar Cielo e Bruno Fratus, seus rivais na final dos 50m livre, na tarde deste sábado.
Dressel, de 20 anos, não é necessariamente o mais talentoso dentre os nadadores da nova geração, mas é o com maior potencial midiático. Enquanto o britânico Adam Peaty faz o que faz no nado peito (e só no nado peito), o norte-americano brilha nas provas de velocidade e permite comparações com os melhores da história da natação, como Phelps e o próprio Cielo.
Em um período de 25 horas, Dressel sagrou-se campeão mundial dos 100m livre com novo recorde norte-americano (47s17) e terceira melhor marca na prova sem os trajes tecnológicos. Foi para o hotel, dormiu e acordou cedo para, na manhã desta sexta, fazer o o segundo tempo das eliminatórias dos 50m livre e a melhor marca da história sem os trajes nos 100m borboleta, mais perto do que nunca de bater o recorde mundial de Michael Phelps.
Pensa que acabou? Nada. À tarde, foi o mais rápido da semifinal dos 50m livre com 21s29, segunda melhor marca da história sem os trajes tecnológicos e, 20 minutos depois, voltou para fazer 50s07 na semi dos 100m borboleta. O que o mundo da natação se pergunta é: o que pode fazer durante uma carreira quem faz isso em apenas 25 horas?
Dressel une as duas características mais desejadas na natação, raríssimas de serem encontradas juntas: é velocista e versátil. Se Michael Phelps se fez nadando bem cinco provas (100m e 200m borboleta, 200m livre e 200m e 400m medley) e Katie Ledecky brilha dos 200m aos 1.500m livre no feminino, o jovem de 20 anos foi o único norte-americano homem a se classificar para quatro provas individuais em Budapeste – nos 50m borboleta, foi quarto, a 0s05 do bronze.
Estrela precoce – Tivesse nascido no Brasil, Dressel seria conhecido como "novo Cielo". É só ver como a carreira dele é parecida com a Matheus Santana – o "novo Cielo" brasileiro. Os dois têm praticamente a mesma idade e foram quebrando recordes nacionais categoria por categoria. Em 2013, tinham tudo para fazer um desafio de gigantes na final do Mundial Júnior de Dubai, mas Matheus ficou fora da prova por causa da diabete. Dressel ganhou e bateu o recorde mundial da categoria, que dois anos depois seria baixado pelo também brasileiro Pedro Spajari.
Então com 17 anos, Dressel caminhava a passos largos para chegar à seleção adulta dos EUA, mas surpreendentemente resolveu se afastar da natação. Em um momento crucial da carreira, no início do seu último ano no "high school" (ensino médio), Dressel ficou cinco meses sem cair na água. Inicialmente para uma cirurgia para corrigir um desvio de septo, mas depois porque estava cansado das obrigações relacionadas à natação.
O retorno foi a tempo de atrair a atenção dos principais programas universitários dos EUA. Mas Dressel fez a escolha mais improvável, seguindo para a Florida, universidade com tradição de não fazer campeões nas provas rápidas. O conselho de Ryan Lochte foi fundamental na escolha, que acabou por fazer bem a Dressel.
Na Florida, Dressel cresceu. Em 2015, já venceu o campeonato norte-americano tanto nos 50m quanto nos 100m livre. No início de 2016, quebrou o recorde mundial dos 50m livre em piscina de jardas, que pertencia a ninguém menos que Cesar Cielo. Mas aquele ainda não seria o ano dele, que foi sexto na final olímpica dos 100m livre e ganhou duas medalhas na Rio-2016, com o revezamento 4x100m livre e nadando as eliminatórias do 4x100m medley.
Agora, porém, chegou a vez do novo astro, que ganhou nada menos do que três provas na seletiva norte-americana (nos 100m, ficou a 0s01 do ouro) e se classificou para nadar oito provas em Budapeste. No domingo, foi ele quem deu a vitória para os EUA no revezamento 4x100m livre, uma vez que todos seus três companheiros foram mais lentos que os brasileiros ao lado.
Neste sábado, ele vai desafiar os limites do seu corpo para nadar as finais dos 50m livre às 17h39 (de Budapeste, 12h39 de Brasília), dos 100m borboleta às 18h13 e do revezamento 4x100m livre medley às 19h17. Se ganhar três ouros, chega a seis já iguala o australiano Ian Thorpe (Fukuoka-2001) e Missy Franklin (Barcelona-2013). Depois, se levar o 4x100m medley masculino com o favoritíssimo time dos EUA no domingo, vira recordista ao lado de Michael Phelps, que ganhou sete douradas em Melbourne-2007.
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