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Olhar Olímpico

CBDA 'burlou' próprio regulamento para levar Nicholas ao Mundial

Demétrio Vecchioli

24/07/2017 14h08

Nicholas Santos mergulha na prova que levou a medalha de prata (Foto: Satiro Sodré/SSPress/CBDA)

A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) havia definido que levaria ao Mundial de Natação os atletas que obtivessem os oito melhores índices técnicos nas duas seletivas nacionais, mas apenas em provas olímpicas. Ou seja: não havia vaga para os especialistas nos chamados "50 metros estilos": os 50m peito, 50m costas e 50m borboleta. O regulamento, porém, acabou sendo burlado para que Nicholas estivesse em Budapeste, gerando críticas. A estratégia, porém, rendeu uma medalha de prata para o Brasil.

Quando Nicholas saiu da piscina do Parque Aquático Maria Lenk como dono da segunda melhor marca da história dos 50m borboleta, no dia 5 de maio, ele tinha certeza que não iria ao Mundial. As regras pareciam claras. Mas não eram.

O boletim técnico do ano passado, ainda da gestão Coaracy Nunes, que determinou os critérios de convocação para o Mundial, estipulou apenas que os oito melhores índices de provas olímpicas seriam convocados. Mas deixou a brecha para que, se conseguisse viabilizar financeiramente, a CBDA poderia convocar mais atletas. E foi isso que aconteceu, com mais oito vagas sendo abertas. Sete deles, de provas olímpicas. Uma, para Nicholas Santos, que fez o melhor índice técnico de todo o Maria Lenk.

Para viabilizar a convocação de Nicholas para a 16.ª vaga, a CBDA deixou de fora do Mundial o minastenista Vinicius Lanza, de 20 anos, que fez índice nos 100m borboleta e é considerado um dos grandes nomes para Tóquio-2020.

"Eu me levaria. Vi que alguns atletas falaram que não deveria levar um nadador de 50 estilo, mas foi uma decisão única. Teve uma reunião da CBDA, com a comissão, e decidiram isso. Bati o recorde recorde sul-americano, eles pensaram: 'Não vai lavar o cara?'. Mas isso deixou descontente alguns técnicos", contou Nicholas, antes do Mundial, em conversa com o Olhar Olímpico.

Nicholas é treinado por Felipe Domingues e, mesmo sendo atleta da Unisanta, não treina diariamente em Santos, mas em São Paulo, entre o Centro Olímpico, no Ibirapuera, e o Centro de Treinamento Paralímpico, na zona sul da cidade. Faz parte da mesma equipe que tem Leonardo de Deus e Thiago Simon, também da Unisanta.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.