Após interesse de 6 empresas, Doria aborta projeto da Arena Anhembi
Um ano depois de a Prefeitura de São Paulo lançar um edital para a construção de uma Arena Multiuso para 20 mil pessoas no Anhembi, o projeto está completamente descartado. Apesar da mudança de gestão, com João Doria (PSDB) substituindo Fernando Haddad (PT) no comando da maior cidade do país, a responsabilidade por começar e terminar com o projeto é da mesma pessoa: Wilson Poit.
Poit era o presidente da SPTuris e da SPNegócios quando foi lançado o primeiro chamamento público para empresas interessadas em construir a arena no Complexo do Anhembi, em janeiro de 2015. Agora, ele é o secretário de Desestatização do governo Doria, responsável por comandar a tentativa de privatizar o complexo.
A construção de uma arena não faz parte do escopo do negócio. Os estudos comandados por Poit identificaram que o equipamento, na área de concentração do sambódromo, atrairia cerca de 100 eventos por ano, o que traria um acréscimo de um milhão de turistas para cidade por ano. A empresa vencedora da licitação pagaria pelo menos R$ 308 mil mensais ao governo municipal.
Em nota, a prefeitura confirma que o projeto da Arena Anhembi foi cancelado "em razão da intenção da Prefeitura de privatizar a SPTuris e o Anhembi" e diz que "não há nenhum impedimento para que o novo dono da área construa um equipamento para eventos totalmente novo". O governo municipal, porém, não demonstra interesse em incentivar essa construção.
Procurado, Poit disse que não se sente confortável para comentar a situação. Em 2015, ele deu declarações públicas defendendo a necessidade de a cidade ter um novo equipamento esportivo. "Este projeto atende a uma demanda reprimida por um tipo de equipamento que hoje não existe na cidade de São Paulo. Além disso, nós temos pesquisas que indicam que São Paulo vai ser o principal destino da América Latina em mais dois anos", afirmou à época.
A maior interessada na construção da Arena Anhembi era a Time For Fun, empresa que atua na área de entretenimento. Foi ela quem primeiro procurou a prefeitura com a ideia. A partir daí, Haddad abriu uma chamada pública para que outras empresas mostrassem interesse. A proposta era de concessão da área por 30 anos mediante pagamento de outorga para a construção e operação da arena.
"É mais importante fazer a concessão do que a venda do patrimônio público. Você não sabe do que a cidade vai precisar daqui a 30 anos. Então você reserva a terra para uma possível nova utilização", defendia Haddad. "A gente perde muitos eventos esportivos. São Paulo tem que se atualizar e se modernizar sob o ponto de vista de seus equipamentos para continuar sendo o principal destino turístico do Brasil", reforçou o ex-prefeito no lançamento do edital.
Em julho de 2015, a SPTuris recebeu seis estudos preliminares de empresas interessadas, sendo que um foi desconsiderado por não cumprir as determinações do chamamento. Uma Comissão Especial avaliou as propostas e realizou rodadas de esclarecimentos com os proponentes. A partir daí, foi elaborado um edital de consulta pública, lançado no início de 2016.
Em 15 de julho de 2016 foi lançado o edital que determinaria, a partir da melhor proposta, quem seria a concessionária a construir e operar a Arena Anhembi. O prazo para entrega de documentos ia até setembro, mas o projeto acabou abandonado depois que Doria venceu a eleição municipal ainda no primeiro turno, já defendendo a privatização do Complexo do Anhembi.
Falta de eventos – A cidade de São Paulo só tem um ginásio capaz de receber eventos de médio e grande porte: o Ibirapuera. Construído para o Mundial de Basquete de 1954, mas inaugurado só em 1957, o ginásio na zona sul da cidade já não suporta mais eventos de primeiro nível. Em 2006, quando recebeu um Mundial Feminino de Basquete, a competição foi marcada por goteiras. Em 2011, foi palco de seu último grande evento internacional: o Mundial Feminino de Handebol.
Por falta de estrutura, o Ibirapuera não pode receber, por exemplo, jogos da pré-temporada da NBA. Da mesma forma, o UFC tem preferido realizar seus grandes eventos no Rio, na Jeunesse Arena, na Barra. A cúpula do ginásio paulistano sequer tem estrutura para receber grandes telões.
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