Sem Corinthians e fora de Americana, time tetracampeão brasileiro pode fechar
O basquete feminino sofreu um duro golpe em um momento que parecia ser de recuperação. A equipe de Americana, atual tetracampeã brasileira, não vai permanecer na cidade do interior paulista, considerada a capital da modalidade no país. Só há um plano B, que é a migração para Campinas, mas a falta de um ginásio pode atrapalhar os planos. O risco de o clube fechar as portas é real.
"Americana era nosso plano A, Campinas o nosso plano B e não temos um plano C. Em Americana, a chance de ficar é zero", lamenta Antônio Carlos Vendramini, que de técnico virou o gestor do projeto depois que Ricardo Molina, antigo gestor, assumiu como presidente da Liga de Basquete Feminino (LBF). Agora no comando, Vendra optou por nem tentar renovar o contrato com o Corinthians, que cedia seu nome e camisa em troca de visibilidade para a equipe.
Vendra ajudou a fazer de Americana a capital do basquete feminino no Brasil, levando o time ao título nacional em 1997. O projeto perdeu apoio com a quebra do principal patrocinador, migrou para o Rio e depois para o Paraná, e voltou à cidade em 2003 para mais um título. Em 2008, já com Molina como gestor, o time iniciou seu período de domínio na modalidade, chegando à final de seis das sete edições da LBF.
Durante todo esse tempo, o time foi bancado com recursos de Lei de Incentivo ao Esporte de Americana, que permite a prestador de serviços doarem parte do ISS devido à prefeitura. Na temporada passada, cerca de 75% do orçamento da equipe veio da Lei de Incentivo. O restante foi coberto pela rede de supermercados Pague Menos, patrocinador master.
Mas agora a prefeitura de Americana argumenta que a lei é inconstitucional, uma vez que deveria destinar só 20% dos recursos ao esporte de rendimento, e paralisou a aprovação de projetos. "Isso vem acontecendo desde fevereiro. É sempre 'mês que vem, mês que vem', mas não resolve. A gente não pode contratar atletas com algo tão vazio. A própria Câmara dos Vereadores está em recesso. Tudo que acontecer vai ser muito demorado e não há tempo hábil para jogar a temporada", diz Vendra.
Há duas semanas, ele procurou a prefeitura de Campinas, que recebeu com bons olhos a ideia de virar a casa da equipe. O Pague Menos aceitaria continuar como patrocinador (afinal, tem lojas na cidade), mas novos apoiadores precisariam cobrir o restante das despesas, na casa de R$ 750 mil. "A prefeitura tem empresas parceiras que nos ajudariam, mas isso quem está vendo é a própria prefeitura", explica o treinador.
O problema é que até agora a prefeitura não achou um ginásio para o time jogar a treinar. A primeira opção era o Tênis Clube de Campinas, mas o bem estruturado ginásio do TC é utilizado por diversos times do clube e não teria disponibilidade para uma equipe de alto rendimento, que treina 4 horas por dia. O mesmo problema foi encontrado na Hípica.
A solução poderia ser a Arena Concórdia, reformada para receber o time de vôlei de José Roberto Guimarães em 2012, mas o espaço, que estava ocioso, foi cedido à Confederação Brasileira de Basquete (CBB) e será a casa das seleções brasileiras da base ao adulto. Guarani e Ponte Preta são outras opções.
Vendramini até procurou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, na tentativa de que o SESI abraçasse o time, assim como fez com o basquete de Franca, mas ele acha improvável que o sistema S encontre recursos para bancar a equipe, que custa R$ 1 milhão por ano. Reduzir a folha salarial e deixar de ser um time que briga por títulos, de acordo com Vendra, está fora de cogitação.
"Eu estou há muitos anos no basquete. Não é a primeira nem vai ser a última vez que isso vai acontecer. A equipe é essa que nós temos. Se der certo a gente mantém, senão a gente libera todo mundo", avisa. Sobre o Corinthians, explica que a camisa alvinegra gerava rejeição por parte dos torcedores e não ajudou a encontrar novos patrocinadores.
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