Topo

Olhar Olímpico

'Ameaça de suspensão não preocupa', diz novo presidente da CBDA

Demétrio Vecchioli

22/06/2017 04h00

(Satiro Sodré/SSPress/CBDA)

Eleito presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) no último dia 9, Miguel Cagnoni recebeu uma carta muito pouco amistosa enviada pela Federação Internacional de Natação (Fina) dias depois. Endereçada a "quem interessar possa" – no caso, Miguel -, a carta estipulava um prazo até 28 de junho para que a CBDA se explicasse sobre sua situação política. A partir dessa resposta da entidade brasileira é que o caso seria levado ao Comitê Executivo da Fina, que vai decidir sobre uma possível suspensão.

Cagnoni acredita que não há o que temer. "Eu não estou muito preocupado com essa situação porque me parece muito cristalino o que aconteceu. A gente tem farta documentação e toda ela está sendo traduzida para o inglês. Essa iniciativa partiu do secretário-geral da Fina (o romeno Cornel Marculescu), mas essa mesma posição não é compartilhada por outros setores lá de dentro da Fina", comentou o novo presidente da CBDA.

Ele já se reuniu com os presidente das confederações sul-americana (o colombiano Francisco Javier López Chaves) e pan-americana (o norte-americano Dale Neuburger). O próximo passo é, até a semana que vem, sentar com o próprio presidente da Fina, o uruguaio Julio César Maglione, e convencê-lo a aceitar o resultado da eleição da semana retrasada.

A Fina contesta o fato de ter sido a Justiça brasileira a responsável por definir o colégio eleitoral da CBDA e não a própria assembleia da entidade, como determina a federação internacional. Ou seja: a CBDA elegeu seu presidente a partir do modo como manda a Lei Pelé, ainda que isso fosse contra as vontades da Fina. "Mesmo a Fina tem a obrigação de respeitar os países do paÍs que ela está, que é a Suíça. É muito mais uma questão de explicação, conversa", aposta Cagnoni.

O dirigente brasileiro diz ter ouvido dos presidentes das confederações regionais que elas darão apoio ao pleito da CBDA e confia que tudo possa ser resolvido sem a necessidade de levar a discussão até o Comitê Executivo, que vai se reuniu em Budapeste durante o Mundial de Esportes Aquáticos. Para Cagnoni, é pequena a possibilidade de a CBDA realizar uma nova eleição, nos moldes exigidos pela Fina, mesmo que de cartas marcadas, só para atender às exigências da federação internacional.

"É uma hipótese muito remota. De qualquer maneira a conversa com 27 federações não é uma coisa que seja estranha no meu entendimento. Certamente vou querer conversar com os 27 presidentes. Pra mim todos os presidentes de federação voltaram a ser presidentes que estão trabalhando junto comigo. O fato de um ou outro ter se manifestado contrário na eleição, era a opinião daquele momento", comenta.

Pendências – O reconhecimento da Fina não é o único problema que Cagnoni tem que resolver no curto prazo. Os Correios, que chegaram a anunciar o fim do patrocínio à CBDA e voltaram atrás provisoriamente, ainda não anunciaram efetivamente que continuam, ainda que sigam pagando as parcelas mensais combinadas. "Estou aguardando ser chamado para conversar com o presidente dos Correios. Está prestes a acontecer, mas precisamos bater as agendas. O problema é que bate com a tentativa de se reunir com a Fina."

O interventor Gustavo Licks deixou tudo encaminhado para o Mundial de Budapeste. A verba já está reservada, as passagens compradas e os hotéis reservados. Após um período de indecisão, foi definido que o Brasil enviará tanto o time masculino quanto o feminino de polo aquático, da mesma forma que irá com 16 atletas para as provas de natação. Cortes só no nado sincronizado, que não vai competir no conjunto em um momento técnico ruim, de transição de gerações.

Cagnoni diz que não está cuidando tanto da parte esportiva, que continua nas mãos de Ricardo Prado, nomeado coordenador geral de esportes por Licks e mantido no cargo. "Ele continua na confederação, é extremamente competente. Conheço desde quando era atleta. Gosto muito do trabalho dele. Ele é muito profissional, com ele é pão pão, queijo queijo", observa.

O foco do novo presidente tem sido cuidar da parte administrativa da CBDA, onde ele afirma que há muito o que ser feito. De cara, Cagnoni cortou a farra das linhas de celular. A confederação tinha 57 delas, que geravam um custo de R$ 8 mil ao mês.

Outra situação que precisa ser logo resolvida é dos materiais esportivos. "Tem um estoque central que fica na Penha e tem muito equipamento lá. Esse equipamento na medida que estiver em boas condições de uso a gente vai distribuir. Não queremos mais ficar com material parado", promete.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.