Com projeto ignorado, COB e Rio-2016 são excluídos de debate sobre legado

(Valter Campanato/Agência Brasil)
Em 4 de maio de 2015, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e o Comitê Rio-2016 apresentaram aos governos federal e municipal um plano detalhado de como transformar o Parque Olímpico da Barra em um Centro Olímpico de Treinamento. O projeto, porém, não foi levado em consideração para a criação do "Plano de Legado Olímpico", apresentado na quarta-feira passada, no Velódromo do Rio. COB e Comitê Rio-2016 não foram convidados ou sequer informados sobre o evento realizado pela Autoridade de Governança do Legado Olímpico (AGLO).
Parceiro institucional de primeira hora do Ministério do Esporte, o COB não comenta publicamente seu descontentamento, que é claro nos bastidores. O comitê sempre considerou que seria o responsável por administrar pelo menos a Arena Carioca 2, o Velódromo, o Centro Olímpico de Tênis e o Maria Lenk. No fim, continua cuidando do parque aquático, como acontece há quase 10 anos, e foi alijado do debate sobre o uso das demais instalações.
Assim que o Ministério do Esporte criou a AGLO, a autarquia assinou um "protocolo de intenções" com o COB, o Comitê Paraolímpico (CPB) e o Comitê de Clubes (CBC). O protocolo, porém, foi só um ato político, uma demonstração de boas intenções. Na prática, nada saiu do papel.
Para o COB, a frustração foi maior porque, há mais de dois anos, o comitê apresentou um estudo de 266 páginas, com detalhes sobre como funcionaria cada uma das instalações da Barra, num planejamento que ia até 2028. O material foi entregue, entre outros, a ao general Fernando Azevedo e Silva, então presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO), a Ricardo Leyser, secretário-executivo do Ministério do Esporte, e ao então prefeito do Rio Eduardo Paes.
Você pode ler as partes 1, 2, 3, 4 e 5 do Plano de Legado do COB. E também pode ler o Plano de Legado Olímpico apresentado pela AGLO.
Passada a Olimpíada, os governos federal e municipal chegaram à conclusão que a melhor solução para o Parque da Barra seria a concessão da área por meio de uma Parceria Público Privada (PPP), que não teve interessados. Aí, o plano B foi criar a AGLO, autarquia ligada ao Ministério do Esporte, que é responsável por administrar o Centro Olímpico de Tênis, as Arenas Cariocas 1 e 2 (a 3 segue com a prefeitura) e o Velódromo.
Foi a AGLO quem apresentou um superficial Plano de Legado Olímpico, na quarta-feira, a partir quase que exclusivamente dos estudos do professor da UNESP José Roberto Gnecco. A ponto de alguns trechos do documento estarem escritos em primeira pessoa – porque ele escreveu assim seu estudo, que foi reproduzido pela AGLO como um plano.
Mas não é só o COB que está insatisfeito. Órgão com o maior know how sobre as estruturas olímpicas, o Comitê Rio-2016, que também é presidido por Carlos Arthur Nuzman, também não foi chamado para participar das discussões. Sequer teria sido procurado para compartilhar as informações e os documentos juntados ao longo dos últimos oito anos.
No mês passado, o Olhar Olímpico mostrou como que o ministro do Esporte, Leonardo Piccini aproveitou para transformar a AGLO em um reduto de aliados. Vale a pena relembrar aqui.
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