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Olhar Olímpico

#DossiêLegado: Mesmo fechado, Velódromo tem conta de luz de R$ 286 mil

Demétrio Vecchioli

14/06/2017 11h00

(Getty Images/Getty Images)

Esta matéria faz parte de uma série de reportagens do Olhar Olímpico sobre o legado dos Jogos do Rio. Nos próximos dias, novos documentos serão publicados.

Ainda que o Velódromo Olímpico do Rio seja alugado para competições durante um mês inteiro, mesmo assim o valor arrecadado não chegará nem perto de pagar a conta de luz da estrutura. Só no mês de março o governo federal pagou R$ 286.770,46 à Light para manter ligado o ar condicionado que garante que a pista de pinho siberiano não vá ressecar. No dia 26 de junho vence a próxima conta, referente a abril, de mais de R$ 214 mil.

Em fevereiro, a TV Globo revelou que a previsão era que o custo do Velódromo com energia elétrica chegasse a R$ 3,5 milhões em 2017. Na verdade o valor não deverá ser tão alto, pelo menos a partir da média de consumo dos últimos cinco meses: R$ 220 mil. Os valores podem variar de acordo com a demanda de energia elétrica no restante da rede.

Mesmo assim, equilibrar as contas será tarefa impossível. A tabela de preços da AGLO, também obtida com exclusividade pelo Olhar Olímpico, fixou o valor do aluguel do Velódromo em R$ 6.054 por dia para competições de alto rendimento. O valor cai para R$ 4,8 mil para competições de base e amadoras, R$ 3,0 mil para treinos de alto rendimento e R$ 2,4 mil para outros treinos.

Esse, claro, é um cenário teórico, porque na prática o Velódromo tem se mostrado um elefante branco. Apesar das tentativas do Ministério do Esporte, o local não receberá a Copa do Mundo de Ciclismo de Pista na próxima temporada, nem será a sede do Mundial Júnior, marcado para agosto. Desde o fim da Olimpíada, o Velódromo só recebeu um campeonato estadual, durante um fim de semana. Há a previsão de um Campeonato Brasileiro lá em outubro, assim como havia em junho – o evento nunca saiu do papel.

Custo –

Um estudo da Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento obtido pelo Olhar Olímpico prevê que, durante 2017, o Velódromo custe R$ 10,847 milhões em manutenção. O mesmo documento previa que a Arena Carioca 2 custasse R$ 12,380 milhões, contra R$ 12 milhões do Centro de Tênis e R$ 9,829 milhões da Arena 1. Mas esses números estão defasados.  O custo com energia elétrica, previsto em R$ 1,5 milhão por mês,  tem se mostrado, na prática, metade disso.

É uma economia significativa para a conta final de R$ 45 milhões, ainda que em outros itens os valores tenham se mostrado muito próximos da realidade. É o caso, por exemplo, do contrato de manutenção predial, renovado em caráter emergencial com a empresa que fazia esse serviço à prefeitura. A previsão é de um custo mensal de R$ 1 milhão para as quatro arenas da AGLO na Barra.

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.