Doria desiste de 'padrão Fifa' para concessão do Pacaembu e põe ginásio no pacote
A Prefeitura de São Paulo pretende lançar até o final do ano a concorrência para a concessão do Complexo do Pacaembu à iniciativa privada. O primeiro passo foi a publicação, no Diário Oficial da última quarta-feira (31), de um chamamento público solicitando estudos de modelagem para a concessão. Há dois anos, em abril de 2015, a gestão Fernando Haddad (PT) já havia feito o mesmo, mas o processo acabou sendo suspenso antes mesmo da abertura de concorrência. As ideias recebidas acabaram engavetadas.
Ainda que o Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) publicado ontem seja muito parecido com o chamamento público de 2015, dois pontos devem fazer grande diferença. A gestão João Doria (PSDB) optou por retirar a exigência de que o Pacaembu seja adaptado ao "padrão Fifa". Por outro lado, quem levar a concessão do estádio obrigatoriamente também terá que se responsabilizar pelo deteriorado centro poliesportivo.
Com a construção de modernas arenas para Corinthians e Palmeiras, o Pacaembu passou a receber cada vez menos partidas de futebol. Apenas o Santos tem mandado jogos com frequência no local. Palmeiras e São Paulo só atuam em momentos esporádicos, quando o Allianz Parque ou o Morumbi não podem receber partidas por conta de outros eventos no estádio, como shows.
Mesmo assim, em 2015 a Secretaria de Esportes, Lazer e Juventude (SEME) incluiu no edital a exigência técnica de que o Pacaembu precisaria atender ao "padrão Fifa", o que incluía a cobertura do campo e das arquibancadas – algo que, no Brasil, só a Arena da Baixada tem. Além disso, a capacidade teria que ser ampliada para 40 mil lugares sentados.
À época, seis empresas foram capacitadas a apresentar seus estudos. O projeto mais barato previa que quem assumisse o Pacaembu precisasse investir mais de R$ 350 milhões. O projeto mais caro chegava a R$ 540 milhões. Vendo que a ideia era inviável financeiramente, ainda que a prefeitura tivesse estipulado que não colocaria dinheiro, Haddad engavetou o processo.
Agora, sobre o mantra de "olhar para frente", a Secretaria Municipal de Desestatização e Parcerias nem pretende considerar os estudos apresentados em 2015, ainda que o secretário Wilson Martins Poit à época tenha participado do processo como presidente da SP Negócios. "Conheço os projetos que recebemos", garante ele, que está à frente da nova tentativa de resolver o problema do Pacaembu.
Outra novidade significativa na proposta de Doria na comparação com a de seu antecessor é a exigência de que o Centro Poliesportivo (ginásio de esportes, parque aquático padrão Fina, quadra externa de tênis, ginásio de tênis e quadra poliesportiva aberta) deveria ser reformado pelo concessionário, mas continuar nas mãos da prefeitura.
"Quem pegar o estádio vai ficar com o complexo esportivo também. A gente não quer ter uma Ferrari de um lado e um fusca do outro", diz Poit, numa referência ao risco de o estádio receber obras de melhorias e o centro esportivo não. O Museu do Futebol e a Praça Charles Miller, porém, continuam fora do escopo.
A prefeitura sonha em não ter que colocar mais dinheiro público no complexo, que hoje custa R$ 9 milhões para ser mantido anualmente. O modelo de concessão, porém, só será definido depois de concluído o processo aberto ontem. Os interessados, pessoas físicas ou jurídicas, podem apresentar um projeto básico em até 30 dias. Depois, se credenciados, terão 60 dias para entregarem o estudo completo. A empresa que vier assumir o estádio, em 2018, será responsável por pagar pelos custos do estudo que for colocado em prática: até R$ 1,7 milhão.
Sobre o autor
Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.