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Olhar Olímpico

Com 262 km de praias, Rio recebe Circuito de Vôlei de Praia no concreto

Demétrio Vecchioli

09/05/2017 04h00

Alexandre Loureiro/Inovafoto

Dona de algumas das praias mais famosas do mundo e com mais cerca de 262 quilômetros de litoral, a cidade do Rio de Janeiro será sede de uma etapa do Circuito Mundial de Vôlei de Praia a partir do próximo dia 17 de maio. E, pela primeira vez na história, a competição vai acontecer não nas praias da Cidade Maravilhosa, mas em uma estrutura de concreto, no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca. E, também de forma inédita no vôlei de praia no Brasil, haverá cobrança de ingresso para as semifinais e finais no Centro Olímpico de Tênis – R$ 40 por sessão.

A principal explicação para levar o vôlei de praia para o Parque Olímpico é a utilização do tão falado "legado olímpico". "Acho que é uma nova opção que surgiu, especialmente com a construção de infraestrutura. No Parque Olímpico já existe uma infra-estrutura para a realização de eventos, enquanto que na praia não existe", argumenta Fulvio Danilas, diretor de vôlei de praia da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).

Ele lembra que diversas etapas do Circuito Mundial acontecem em arenas de tênis, como em Gstaad (Suíça) e Berlim (Alemanha). Também em Roma as competições costumam ser realizadas no Foro Itálico, sede do Masters 1000 italiano. Diferente do Rio, porém, nenhuma dessas cidades têm litoral.

"Entendemos que o natural é realizar eventos de vôlei de praia na praia. Mas em algumas circunstâncias é interessante usar uma estrutura que já existe. Existem vantagens e desvantagens de se jogar na praia. Uma ressaca forte pode afetar a estrutura montada na praia e essa é uma época do ano de frentes frias. Além disso, há vários custos relacionados a realizar na praia, como a taxa de ocupação, que agora é cobrada pela União", explica Danilas.

Ele ainda pontua que, no Parque Olímpico, ele pode atrair novos fãs. "O público de Copacabana já está acostumado com evento na praia. Além disso, o público também pode contar com conforto, segurança, e toda a estrutura do Parque." No passado, a CBV já realizou eventos internacionais em Brasília, São Paulo, Barueri e Campinas, sempre montando a mesma estrutura que seria instalada na praia.

Construído para a Olimpíada, o Centro Olímpico de Tênis tem capacidade para 8 mil pessoas, mas a expectativa é que sejam colocados à venda 4 mil ingressos por sessão, sempre a R$ 40 – há uma opção de R$ 150 que dá direito inclusive a buffet. No sábado (dia 20), a partir das 16h30, serão realizadas as quatro semifinais. No domingo (21), a partir das 8h05, as finais e decisões do bronze.

A CBV ainda não tem uma estimativa de receita, mas já sabe que deverá gastar em torno de R$ 2,3 milhões para organizar a etapa. Boa parte desse dinheiro será gasto com a premiação obrigatória (US$ 300 mil, mais de R$ 1,3 milhão) e com as despesas obrigatórias de hotel, transporte terrestre e alimentação para todos os competidores e oficiais. Para o torneio, a CBV não fez convênio com o Ministério do Esporte nem aprovou projeto de Lei de Incentivo.

Ainda não está definido ao certo como a CBV pagará ao Ministério do Esporte pelo uso do espaço. Quando realizou dois jogos amistosos nesta mesma arena, em fevereiro, a confederação de vôlei pagou a instalação de guarda-corpos nas arquibancadas como contrapartida.

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.